Há poucas semanas, uma das séries de TV de maior sucesso na década chegou ao fim. Dentre os mais de 20 milhões de espectadores que acompanharam o final de Game of Thrones ao vivo, porém, havia um grupo que não teve tantas surpresas com o seu desfecho: os usuários da plataforma social de previsões Futuur.
Horas antes do último episódio ir ao ar, 61 perguntas sobre os eventos mais importantes da série estavam disponíveis no aplicativo móvel da plataforma, acompanhadas de estimativas de quais resultados eram os mais prováveis. Em 87% dos casos, as previsões se mostraram acertadas. Se a série da HBO celebrizou-se justamente pela forma como costumava quebrar expectativas, como pôde um aplicativo móvel estimar desfechos com tanta precisão?
A resposta parece residir no método usado para criar tais estimativas. Ao invés de recorrer à opinião isolada de especialistas, ou simplesmente abrir uma enquete, a empresa concentrou esforços na criação de uma plataforma que oferecia uma espécie de “bolsa de valores” de resultados possíveis. O chamado “Mercado de Previsões” permitia então que os fãs “investissem” nos desfechos que acreditavam ser mais prováveis - sendo recompensados por seus acertos - mas também que atualizassem suas previsões em tempo real sempre que algum fato novo os fizesse mudar de opinião.
Como funciona
Como num bolão tradicional, todos os usuários que instalaram o Futuur começaram suas jornadas no aplicativo com o mesmo capital: 1.000 unidades de uma moeda fictícia chamada Ooms. Nesse momento, deveriam decidir como investir essas moedas na compra de papéis dos resultados que acreditavam que iriam se concretizar. Se acertassem, receberiam 1 Oom por cada papel do resultado correto. Se errassem, perderiam o capital investido.
O preço para se comprar um papel, no entanto, variava de acordo com a procura. Quanto mais pessoas concentravam-se num dos resultados, mais caro ele tendia a se tornar. Se num dado momento, por exemplo, cada papel do resultado “Sim” para a pergunta “Bran se tornará o Rei de Westeros?” custasse 0,7 Oom, isso significa que a comunidade considerava que havia 70% de chance de ele se tornar rei, e 30% de chance de não se tornar. Caberia então ao usuário que se deparasse com estes preços decidir se valia a pena investir no “Sim” (considerado mais provável pela coletividade, porém com uma chance de retorno menor), ou no “Não” (mais arriscado, porém com possibilidade de retorno maior).
Como os papéis podiam ser comprados ou vendidos a qualquer momento, criou-se o incentivo para que os usuários mantivessem-se bem informados sobre os assuntos em que apostavam, exatamente como investidores fariam ao negociar ações de um empresa na bolsa de valores. Notícias de bastidores, entrevistas com elenco, etc., tornaram-se, portanto, informações tão valiosas para os participantes de um mercado de previsões quanto os relatórios trimestrais de qualquer empresa seriam para seus acionistas num mercado de ações. O resultado esperado dessa dinâmica, portanto, seria a atualização contínua das previsões disponibilizadas pelo aplicativo, agregadas a partir das diferentes perspectivas de seus usuários.
Histórico de acertos e desafios futuros
De acordo com o fundador e CEO da empresa, Tom Bennett, “o Futuur foi projetado para ser rápido, divertido e social. O objetivo é gerar mais previsões e, como resultado, criar estimativas mais precisas e aprofundadas sobre a maior gama possível de temas". Não causa surpresa, portanto, que a plataforma diversifique sua atuação para áreas como política, esportes, finanças ou ciências, apresentando-se como alternativa aos levantamentos de institutos de pesquisa mais tradicionais ou às análises de especialistas isolados nesses campos.
Até o momento, a estratégia parece estar funcionando. Durante as eleições americanas de 2018, por exemplo, o Futuur igualou a performance de FiveThirtyEight e PredictIt, dois dos serviços de previsão melhor posicionados no mundo, valendo-se de 3.700 previsões a respeito de 106 corridas para tanto. Já nas eleições brasileiras do mesmo ano, o engajamento chegou a 11.000 previsões a respeito de 200 corridas, refletido num brier score de 0,144*. Embora ainda distantes das 48.000 previsões em torno das perguntas de Game of Thrones (brier score de 0,135), a correlação positiva entre aumento no volume de apostas e a precisão das estimativas em áreas tão diversas como política e entretenimento parece justificar o otimismo da empresa em torno do potencial da inteligência coletiva como método de previsão.
Confira a seguir como estavam algumas das estimativas da plataforma para o final de Game of Thrones horas antes de sua transmissão, bem como algumas de suas previsões atuais para grandes eventos das próximas semanas. O aplicativo do Futuur pode ser baixado gratuitamente em português no Google Play, na iOS App Store, ou na web em futuur.com. Mais informações podem ser encontradas em sua página de How It Works ou em seu vídeo introdutório.
*Brier score é uma medida de precisão usada em mercados de previsão. Quanto menor o seu valor, mais preciso é o mercado.