O jogo entre Vasco e Coritiba hoje, 16h, em Curitiba, aproxima Germán Cano de suas origens. O centroavante nasceu em Posadas, província no noroeste da Argentina, que é mais próxima ao sul do Brasil e ao Paraguai. Mas foi ao norte do continente, na Colômbia, que o artilheiro demonstrou seu potencial antes de ser alvo de Vasco, Atlético-MG, Palmeiras e Grêmio. Com sete gols no Brasileiro, ele é referência do ataque do cruz-maltino na temporada.
Nem o rompimento dos ligamentos do joelho na época em que defendia o Pachuca, do México, em 2015, impediu o jogador de voltar seis meses depois e manter médias de gol impressionantes. Sobretudo no Independiente de Medellín, onde marcou 75 em 97 jogos.
Somando com a primeira passagem, antes da lesão, entre 2012 e 2014, são 110 gols, que tornam Cano o maior artilheiro do clube. No Vasco, já são 16 em 24 partidas. A trajetória longe da Argentina motivou Cano a tentar se naturalizar para jogar pela Colômbia, já que teve o filho Lorenzo no país, com a mulher Rocio. A vinda ao Brasil interrompeu, por ora, o sonho.
Os números abrem questionamento sobre os motivos de Cano não ter vingado em sua terra natal. Segundo filho mais velho de quatro irmãos, o centroavante sofreu com a concorrência de uma boa safra do Lanús, um dos clubes que mais revela talentos na Argentina.
A geração de Cano, de onde surgiram Lautaro Acosta, Sebastián Blanco e Pulpito González, ajudou o clube a conquistar a primeira divisão nacional em 2007.
O jornalista argentino Marcelo Calvente recorda que Cano teve poucas oportunidades na equipe principal, já que o titular à época era José Sand. E havia outro detalhe.
— A baixa estatura pesou contra. Na Argentina se buscam atacantes com outro físico, e ele era muito baixinho — conta.
Sem o mesmo desempenho da base, Cano, de 1,76 m, foi emprestado ao Chacaritas, depois ao Colón, clubes sem tanta estrutura da Argentina. Antes de seu contrato terminar, sem que pudesse ajudar a família — a mãe de Cano, Marina, trabalhava na lavanderia do Lanús — um grupo comprou os direitos do jogador por um valor baixo, e o colocou no Deportivo Pereyra, da Colômbia.
Apoio da família
Segundo seu empresário, Julio Constanzo, sob os cuidados do técnico Julio Comesaña, Cano deixou de ser um atacante por fora para se tornar um falso nove. Depois de trocar o Pereyra pelo Medellín, voltou a ser um goleador nas mãos do técnico Hernán Darío Gómez.
— A mudança de sua carreira foi por essa decisão de ir à Colômbia, onde desenvolveu seu jogo — diz o agente.
Vendido ao Pachuca em 2014, apesar de ofertas da Turquia e de Portugal, Cano ajudou o clube a se classificar para a Liga dos Campeões da Concacaf, mas se lesionou gravemente na semifinal com o Querétaro. A recuperação teve ajuda de sua mulher, com quem está até hoje, e Cano acabou emprestado ao León após voltar a jogar. Entretanto, só voltou a chamar atenção quando retornou ao Medellín, em 2018.
Segundo seu agente, o nível econômico do futebol mexicano fez Cano demorar a ser cogitado no Brasil. E assim permaneceria não fosse o diretor do Vasco, André Mazzuco, acompanhar o jogador por seis meses e encontrar Cano e seu estafe para apresentar o projeto do clube, com o qual assinou até o fim de 2021. No Rio, Cano vive em um condomínio na Barra da Tijuca. Seu comportamento é caseiro e discreto. O desempenho no Vasco já lhe rendeu o apelido de “máquina de gols” no site da Fifa. A renovação é incógnita, mas há desejo — sobretudo do torcedor, já acostumado a comemorar gols do argentino.