25/07/2019 às 20h26min - Atualizada em 25/07/2019 às 20h26min
Cuidado com suas conversas no WhatsApp, você está sendo vigiado
Poucos se importam com a devassidão e o despudor com que podemos ser vigiados, observados, espionados, lesados e expostos
Marco Antonio Araujo, do R7
R7
BBC NEWS BRASIL Se alguém ainda não sabia, que não paire nenhuma dúvida: não existe mais privacidade nesse mundo tecnológico em que nos enfiamos. Estamos cercados. O único lugar em que senhas, opiniões comprometedoras e nudes estão seguros, livre de invasores, estelionatários e chantagistas é nas nossas mentes.
Todo conforto – ou futilidade – da vida moderna cobra esse preço: dispor dados pessoais e guardar informações críticas de nossas vidas em nuvens e arquivos que até mesmo um hacker com aparelho nos dentes e espinhas no rosto consegue acessar.
Essa vulnerabilidade é provavelmente de conhecimento universal. Difícil imaginar um cidadão que acredite estar livre de ter sua intimidade invadida a qualquer momento e por qualquer mecanismo conectado à internet. Jogo jogado, não há o que se fazer: é essa a sensação universal.
O inexplicável, na verdade, é o fato de aparentemente ninguém se incomodar com essa devassidão, esse despudor com podemos ser vigiados, observados, espionados, lesados e expostos. A razão dessa disponibilidade toda, desse strip tease da alma e do saldo bancário não é racional e deveria causar estranheza.
Mas não. O indivíduo de bem, o pai de família, a mãe prestimosa, acham que estão moralmente imunes ou que não têm algo a esconder. É uma arrogância ou ingenuidade perigosas. Todos perdem nessa história.
E aquela conversa banal mas com um palavrão no meio gravada no WhatsApp – ou aquele comentário desagradável sobre o colega de trabalho que escapou no Messenger do Facebook?
É a mesma lógica da inocência presumida até prova em contrário. Abrir mão desse direito consagrado pela civilização pode até eventualmente favorecer algum culpado, mas foi criado para defender quem nada deve.
O direito à privacidade é ainda mais valioso, por se equiparar ao direito à liberdade individual.
Quer bater no peito e fanfarronar que não tem medo de hackers? Tolinho. Por enquanto, são eles que não têm medo de nós.