20/07/2018 às 13h44min - Atualizada em 20/07/2018 às 13h44min

WhatsApp restringe encaminhamento de mensagens após mortes por 'fake news' na Índia

Após correntes falsas de WhatsApp provocarem uma série delinchamentos e mortes violentas na Índia, o Facebook, que é dono do aplicativo...

Foto: Agência O Globo
Após correntes falsas de WhatsApp provocarem uma série delinchamentos e mortes violentas na Índia, o Facebook, que é dono do aplicativo de troca de mensagens, anunciou que passará a restringir o número de vezes que os usuários podem encaminhar uma mensagem. Atualmente, quem usa o WhatsApp pode enviar, simultaneamente e para quantos contatos quiser, um mesmo conteúdo. A análise da empresa é que isso estimula o compartilhamento de informações falsas.

"Hoje, estamos lançando um teste para limitar o encaminhamento que será aplicado a todos que usam o WhatsApp", disse a empresa, em um post publicado na noite da última quinta-feira.

"Na Índia, onde as pessoas enviam mais mensagens, fotos e vídeos do que qualquer outro país do mundo, também testamos um limite de cinco chats simultâneos e removemos o botão de encaminhamento rápido ao lado das mensagens de mídia (como fotos, gifs e vídeos)", continuou o post.

Não está claro ainda se essas restrições de números de chats simultâneos e do botão de encaminhamento rápido seriam aplicadas também fora da Índia.

Esta é a terceira grande tentativa da empresa em três semanas para impedir que rumores falsos se espalhem em sua plataforma. Há alguns dias, o WhatsApp lançou um recurso, globalmente, que rotulará as mensagens que são encaminhadas, e não escritas pelo próprio remetente. A empresa também adicionou recentemente um recurso que permite aos administradores de um grupo controlar quem pode postar mensagens.

Na semana passada, o WhatsApp começou a publicar anúncios de página inteira em jornais indianos com dicas para ajudar os leitores a identificar notícias falsas.

 
RAPAZ FOI LINCHADO AO SER CONFUNDIDO COM 'SEQUESTRADOR'

Um levantamento feito pelo jornal "The Washington Post" mostra que, somente neste ano, pelo menos nove pessoas morreram de forma violenta na Índia em decorrência de notícias falsas.

O caso mais recente foi o de um vídeo sobre um suposto sequestro de crianças. Nas imagens, que circularam intensamnete pelos celulares de moradores da cidade de Bangalore, no sul da Índia, dois homens em uma moto se aproximam de quatro crianças pequenas que brincam em uma rua tranquila e, em questão de segundos, sequestram uma delas. Segundo a mensagem que acompanha o vídeo, a gravação, de baixa qualidade, teria sido feita por uma câmera de segurança.

Um jovem de 26 anos, Kalu Ram Bachanram, foi considerado suspeito de ser um dos sequestradores pela população local. Nascido no Rajastão, no norte do país, ele vivia em Bangalore. O rapaz foi linchado por mais de 14 pessoas — entre elas, quatro mulheres e dois meninos menores de idade — que lhe atingiram com repetidos chutes por todo o corpo. Kalu morreu a caminho do hospital.

Mais tarde, soube-se que, na verdade, o vídeo fazia parte de uma propaganda feita no Paquistão para alertar a população de Karachi sobre os cuidados que é preciso ter para evitar sequestros de crianças. Logo após as imagens que os usuários do WhatsApp receberam, o vídeo continua com uma cena dos "sequestradores" voltando de moto e devolvendo a criança que haviam pegado. Em seguida, um dos homens abre, em frente à câmera, um cartaz no qual se lê "Bastam alguns segundos para sequestrar uma criança nas ruas de Karachi".

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