05/11/2018 às 11h50min - Atualizada em 05/11/2018 às 11h50min

Irã ameaça violar novas sanções dos EUA contra venda de petróleo

Penalidade financeira contra economia iraniana entrou em vigor nesta segunda e já provocou revolta entre população

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Atta Kenare/AFP
Os Estados Unidos restabelecem nesta segunda-feira (5) as sanções contra os setores de petróleo e financeiro do Irã, depois que o presidente Donald Trump retirou seu país do acordo nuclear de 2015.

O presidente iraniano Hassan Rohani, contudo, afirmou que seu país pretende violar as sanções. “Os Estados Unidos queriam cortar a zero as vendas de petróleo do Irã, mas nós continuaremos a vender o nosso petróleo”, disse a economistas durante reunião transmitida ao vivo pela televisão estatal.

“Estamos em situação de guerra”, afirmou ainda Rouhani. “Estamos em situação de guerra econômica. Estamos enfrentando um inimigo intimidador. Temos que enfrentar para vencer”.

A retomada das sanções faz parte de esforços maiores de Trump para forçar o Irã a cortar seus programas nucleares e de mísseis, assim como seu apoio a forças no Iêmen, Síria, Líbano e outras partes do Oriente Médio.

As sanções reimpostas devem afetar diretamente as empresas asiáticas ou europeias que continuam a importar petróleo de Teerã ou mantêm relações comerciais com bancos iranianos.

Os Estados Unidos, no entanto, garantiram isenções temporárias a oito países para continuar importando petróleo bruto da República Islâmica, incluindo a Turquia e, possivelmente, a China e a Índia.

Os americanos são os únicos que voltaram a impor sanções contra o Irã, o que já motivou muitas empresas de outros países a abandonarem os negócios e contratos em solo iraniano, como a petroleira francesa Total.

Os demais países que assinaram o acordo nuclear de 2015 – Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha – buscam fórmulas para tentar salvar o pacto e manter o comércio e as compras de petróleo iraniano.

Essas mesmas sanções haviam sido suspensas depois da assinatura do pacto. O governo de Donald Trump retirou-se do acordo em maio, sob a alegação de que Teerã não estava cumprindo seu compromisso de desmontar o programa nuclear militar e passara a interferir em conflitos no Oriente Médio.

 

Manifestações

Milhares de iranianos se reuniram em frente à antiga embaixada dos Estados Unidos em Teerã neste domingo (4) para comemorar a invasão ao edifício diplomático, em 4 de novembro de 1979, e aproveitaram para expressar seu repúdio às sanções americanas.

Caricaturas e bonecos com a imagem de Donald Trump, balões com formato de mísseis e cartazes com palavras de ordem como “nós pisoteamos os EUA” e “não negociaremos” foram as maneiras que os manifestantes escolheram para criticar a postura do governo americano.

Na ocasião, o comandante em chefe dos Guardiões da Revolução, Mohammad Ali Jafari, afirmou que “a última arma do inimigo, a guerra econômica, acabará em fracasso” e citou a “resistência” como única estratégia para os iranianos.

As palavras foram aplaudidas pelos manifestantes, que gritaram o habitual lema de “Morte aos EUA” e pisotearam e queimaram bandeiras americanas e israelenses.

A invasão à embaixada dos Estados Unidos em Teerã foi iniciada em 4 de novembro de 1979 por estudantes islâmicos que sequestraram 52 funcionários americanos durante 444 dias para exigir a extradição do xá Mohammad Reza Pahlevi, que foi derrubado pela revolução liderada pelo aiatolá Ruhollah Khomeini, dando lugar à República Islâmica.

Essa data é relembrada todos os anos com grandes passeatas. Desta vez, chamou ainda mais atenção devido à imposição das novas sanções.

(Com Reuters, AFP e EFE)

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