24/10/2018 às 15h05min - Atualizada em 24/10/2018 às 15h05min

Espanha julga brasileiro que confessou ter esquartejado família

François Gouveia pode ser condenado à prisão perpétua

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O julgamento do “esquartejador de Pioz”, um jovem brasileiro acusado de matar dois tios e dois primos em agosto de 2016 começou nesta quarta-feira 24 em Guadalajara, na Espanha.

A audiência deve durar uma semana, com depoimentos do assassino confesso, de dezenas de testemunhas, além de investigadores e legistas. A Promotoria espanhola pede que François Patrick Nogueira Gouveia, de 21 anos, seja condenado a prisão perpétua, com possibilidade de revisão.

O primeiro a falar será o próprio réu, que na época dos crimes tinha 19 anos. Ele confessou à polícia os assassinatos cometidos em 17 de agosto de 2016 na cidade de Pioz, próxima a Guadalajara.

Na primeira parte da sessão nesta quarta, já foram definidos os nove membros do júri na Audiência Provincial de Guadalajara, que fica 60 quilômetros ao leste de Madri.

O crime

 

François Patrick Nogueira sentou no banco dos réus nesta quarta-feira (24) na Espanha
Foto: Reprodução/TV Cabo Branco

Segundo a polícia, Gouveia, que em um exame psicológico foi descrito com um perfil de personalidade psicopática, manipulador, egocêntrico e sem empatia, chegou à casa dos tios no dia dos crimes com uma faca afiada, sacolas plásticas e fita de vedação.

Ele confessou que matou primeiro a tia, Janaína Santos Américo (39 anos) e os dois filhos do casal, de 1 e 3 anos. Esperou a chegada do tio materno Marcos Campos (40 anos) e também o assassinou.

Patrick matou as quatro vítimas da mesma forma: cravou uma faca no pescoço deles, rompendo com precisão a artéria aorta e a jugular, o que provoca a perda rápida de sangue.

Os adultos foram esquartejados após a morte e os pedaços dos corpos foram colocados em sacolas plásticas. Depois do crime, o brasileiro limpou a casa, se limpou e esperou para pegar o ônibus de volta na manhã seguinte, de acordo com os documentos judiciais.

Os corpos foram encontrados um mês depois, graças a um funcionário da manutenção que alertou para o odor procedente da residência.

Enquanto cometia os crimes, Nogueira trocou mensagens por WhatsApp com um amigo no Brasil, Marvin Henriques, a quem “pedia conselhos, relatava o que estava fazendo e enviava fotografias dos cadáveres, recebendo por parte de seu interlocutor mensagens de incentivo”, afirma um documento judicial.

Henriques está em liberdade provisória e aguarda o julgamento como cúmplice dos assassinatos no Estado da Paraíba, de onde é a família de Nogueira.

Após a descoberta dos corpos, Nogueira fugiu em 20 de setembro para João Pessoa. Mas no dia 19 de outubro retornou a Espanha para entregar-se voluntariamente, convencido por sua família de que era melhor ser condenado na Espanha que no Brasil.

 

Patrick detalha o crime para o amigo Marvin na conversa, enquanto esperava o tio chegar na casa 
Foto: Reprodução/Polícia Civil da Paraíba

Condenação

Pelos assassinatos das duas crianças, a Promotoria pede para Patrick Nogueira pena de prisão permanente com possibilidade de revisão, a condenação máxima na Espanha.

Segundo a lei nacional, esse tipo de condenação pode ser revisto após o cumprimento de 25 anos de prisão.

Além disso, a Promotoria pede 20 anos de prisão por cada assassinato dos tios, que receberam o jovem quando ele chegou a Espanha em março de 2016 sonhando com a carreira de jogador de futebol.

A defesa de Nogueira, que confessou ter sentido uma “vontade irrefreável de assassinar”, tentará reduzir a condenação com a alegação de “transtorno mental transitório” e o atenuante da confissão.

Depoimento

Em uma entrevista à TV espanhola Antena3 em novembro de 2016, Patrick contou que o crime foi premeditado.

“Três dias antes, segui necessidade de matar. Isso acontece com frequência, desde os 12 anos. Quando acontece, eu bebo muito”, disse.

Ainda de acordo com a emissora, no dia do assassinato, Patrick acordou tarde. “Tinha que estar descansado”. No depoimento, ele contou que, a caminho da casa da família que assassinaria mais tarde, viu uma pizzaria em promoção e levou pizzas para o local.

“Matei os quatro porque me parecia cruel matar só o Marcos. Não ia deixar uma família sem marido e sem pai. Eles não sofreram, não resistiram, não gritaram. Foi muito rápido”, disse ainda.

(Com AFP)

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