Segundo uma pesquisa realizada pela empresa de recrutamento Robert Half, apenas 53% das mulheres voltam integralmente ao trabalho pós-gestação, enquanto 27% parcialmente e as demais acabam sendo desligadas pela própria empresa.
As circunstâncias que levam ou não ao retorno às atividades e a ausência de ocupações formais são diversas e não devem tornar-se motivo de preocupação às mulheres que se tornam mães. No entanto, em ambos os casos, a mãe será julgada e até mesmo, retirada do círculo de contratações pelo fato de ter um filho.
Para a head de gestão e inovação da Roda Brasil Logística, Rafaela Cozar, os desafios vão além dos cuidados. "Como mulher, temos o padrão de nos cobrar excessivamente. E na minha visão esse é o principal desafio na conciliação dos dois mundos no universo feminino. Os desafios são muitos, na carreira as mulheres são mais cobradas e mais testadas para dar resultado, e ainda nos espera uma segunda jornada em casa com os filhos. É preciso ter muito discernimento e adotar algumas estratégias para que nenhum lado saia sem a devida atenção", aponta.
As mulheres empreendedoras, após a maternidade passam a ter um estímulo a mais, como por exemplo, conciliar a maternidade e os negócios. Além disso, elas anseiam garantir um futuro melhor para seus filhos, e partem para montar seu próprio negócio, em bases sólidas e consistentes.
Para a presidente executiva do SETCESP, Ana Jarrouge, o maior desafio é equilíbrio emocional. "Quando escolhi seguir minha carreira e no meio dela ter meus filhos, de maneira programada, tomei a decisão que me deixava feliz, tanto no aspecto familiar como profissional e ambos caminharam juntos. Não foi fácil, é fato, me senti culpada muitas vezes por trabalhar demais, mas sempre procurei dar muita qualidade ao tempo em que estava presente com meus filhos", conta.
Gerenciando tempo e ambiente
Dados de uma pesquisa anterior, feita pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), indicam também que 41% das mulheres que são chefes de família e têm filhos, desempenham afazeres domésticos e não exercem algum tipo de profissão formal.
Em um cenário como este, muitas mulheres não conseguem separar a vida profissional da vida pessoal, causando grandes danos em ambas realidades. "Não é nada fácil esta tarefa, mas é um hábito e podem ser corrigidos. Cresci numa família empresária e quando comecei a trabalhar na empresa, era recorrente os problemas virem parar na mesa de almoço ou de jantar. Mas não considero uma prática saudável. Devemos nos policiar e evitar, deixando os assuntos profissionais para serem tratados dentro da empresa e assuntos pessoais em casa", aponta Ana.
Entretanto, manter a calma e prezar pela saúde mental é um bom exercício para atingir a excelência profissional e pessoal. "É importante ter um tempo seu. Seja ele para meditar, fazer uma atividade física, tomar um banho relaxante ou até mesmo poder apreciar tranquilamente uma xícara de café ou chá. Esses pequenos momentos são capazes de nos energizar e deixar preparados para a próxima rotina/desafio", completa Rafaela.