A empresa Bizaboo, que produz softwares para eventos, realizou um levantamento sobre o percentual de mulheres palestrantes em mais de 60.000 eventos de diversos setores, que aconteceram entre os anos de 2013 e 2018 em 23 países.
Os resultados fazem parte do “Gender Diversity & Inclusion in Events Report” (Relatório sobre diversidade de gênero e inclusão em eventos) e mostram que, globalmente, 70% dos palestrantes de eventos corporativos são homens. O dado evidencia o que qualquer pessoa minimamente atenta já presenciou: mulheres são sempre minoria em debates e palestras e, em inúmeros casos, sequer estão presentes.
Com o objetivo de mudar esse cenário, algumas profissionais começam a tratar do tema de forma mais estratégica. Suelma Rosa, Diretora de Assuntos Governamentais da DOW Chemical, é uma das protagonistas na pressão por mais representatividade: “Quando sou convidada para eventos em que os palestrantes são apenas homens, agradeço o convite e deixo claro que tenho evitado prestigiar situações em que não há mulheres no palco”.
Os comentários são bem recebidos, principalmente porque Suelma sempre se antecipa e coloca sua rede à disposição para corrigir a falta de representatividade no futuro: “Muitas vezes, organizadores de eventos buscam palestrantes em listas que já conhecem e que são, majoritariamente masculinas. Para quebrar esse ciclo, sempre ofereço indicar nomes de mulheres com experiências profissionais sólidas e que poderão, tranquilamente, ser convidadas nas próximas oportunidades”.
Para Gisela Martinez, da Antakly Martinez Public Affairs, “é importante estimularmos um raciocínio que deixe claro que, quanto menor a representatividade, menor o engajamento. Há questões que nos parecem óbvias, mas que precisam ser repetidas até serem absorvidas de forma definitiva; a igualdade de gênero é uma delas”.
Suelma e Gisela fazem parte do Mulheres em RelGov, uma rede de profissionais mulheres que trabalham com Relações Governamentais. A advogada Juliana Celuppi, sócia do Celuppi Advogados, é uma das fundadoras do grupo, que já possui mais de 200 participantes. Para ela, há uma mudança expressiva na forma como a falta de representatividade vem sendo percebida: “Há pouco tempo, quase ninguém questionava quando um debate era realizado somente por homens. Hoje, estamos muito mais atentas e, atuando em rede, conseguimos compartilhar exemplos e nos manifestar de forma coordenada e constante”.
Os movimentos em busca do protagonismo feminino estão atuantes. Nesse cenário, as discussões sobre representatividade tendem a crescer, amparadas por argumentação lógica e racional, mas tendo em comum conceitos como sororidade e empatia.