27/07/2018 às 18h13min - Atualizada em 27/07/2018 às 18h13min

Falsos médicos brasileiros têm identidades reveladas em hospital na Argentina

Dois cidadãos brasileiros que exerciam ilegalmente a medicina em um hospital perto de Buenos Aires foram denunciados por se passar como profissionais da mesma nacionalidade durante meses, informou o hospital.

Foto: Twitter/Reprodução
Dois cidadãos brasileiros que exerciam ilegalmente a medicina em um hospital perto de Buenos Aires foram denunciados por se passar como profissionais da mesma nacionalidade durante meses, informou o hospital.

Outros quatro médicos, também brasileiros e funcionários do hospital Dr. Angel Marzetti, foram afastados e são investigados pela Justiça após denúncia feita por uma vereadora de Cañuelas, a uma hora de Buenos Aires, onde fica a unidade de saúde. Além disso, o caso motivou a renúncia do chefe de emergências da unidade, Hernán Carpio.

Durante nove meses, Felipe Nori Haggi Lacerda, de 27 anos, fingiu ser médico formado pela Universidade de Morón, onde está matriculado como estudante. Usando identidade, matrícula e diploma de outro médico, também brasileiro, conseguiu que o hospital Marzetti o contratasse em agosto do ano passado para cobrir plantões clínicos. Segundo o jornal "La Nación", ele ganhava 114 mil pesos por mês.

 

Além de trabalhar no hospital, Felipe oferecia serviços como modelo em um site, conforme apurou o jornal "El Ciudadano". No entanto, após o escândalo vir à tona na Argentina, as imagens dele se sunga em uma casa com piscina foram apagadas, assim como sua página no Facebook e seu perfil no Instagram. No entanto, internautas salvaram as fotos, que agora circulam nas redes sociais, acompanhadas sobre sua verdadeira identidade.

Em abril deste ano, o falso médico, nascido em Batatais, no interior de São Paulo, iniciou os trâmites para se casar com seu namorado. No entanto, na certidão de casamento entregue ao hospital, o seu nome foi alterado para corresponder com a identidade que usava. Quando solicitado que apresentasse os documentos originais, abandonou o hospital e nunca mais voltou.

O caso gerou consequências também para o marido de Felipe, Leandro Alberto Acevedo, que foi afastado de seu cargo na polícia argentina.

"Com relação ao caso do Primeiro Oficial da Polícia, casado com um dos acusados de falsificar sua identidade e utilizar uma falsa matrícula para exercer Medicina, informamos que o Escritório de Transparência e Controle Externo iniciou um processo administrativo e o afastamento do oficial em questão”, afirmou a polícia em nota, segundo o jornal "Clarín".

 

O marido de Felipe Nori (à esqueda) foi afastado de seu trabalho na polícia argentina
Foto: Twitter/Reprodução

O caso fez soar o alerta entre as autoridades do conselho de Cañuelas e os encarregados do hospital, que iniciaram uma investigação interna que incluiu o congelamento de salários de todo o quadro de funcionários até a apresentação da documentação em dia, bem como a inscrição no conselho de Medicina.

Com isso, detectaram o segundo caso. Uma mulher chamada Thais Soares Costa atuou como médica no mesmo hospital, usando a identidade de outra brasileira.

Esses casos provocaram o encerramento dos contratos de outros quatro médicos brasileiros, que não tinham apresentado "a documentação correspondente", informou o hospital em um comunicado.

Felipe e Thais respondem por uso de identidade falsa, fraude, falsificação de documento público, exercício ilegal da medicina e usurpação de títulos e honrarias, segundo a agência "AFP". Eles foram denunciados à Justiça pela vereadora Elizabet Romero, que se valeu de uma informação obtida pelo sindicato de Trabalhadores Municipais.

"Para contratar um médico é feita uma entrevista pessoal com documentação. É impossível que a pessoa que se ocupava de contratar estes médicos não tenha comprovado que a fotocópia que ele apresentava não era de seu rosto", disse Romero ao "Clarín".

Diana Barcia, administradora do hospital, afirmou que outros municípios também poderiam ter sido enganados.

Em outro comunicado, o centro de saúde informou que "foi revisada toda a papelada pessoal de cada um dos profissionais" e verificou-se que estão atuando com matrículas e requerimentos em dia.

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