Os primeiros ônibus de dois andares movidos a hidrogênio começam a rodar em Londres no ano que vem. Eles serão movidos por hidrogênio verde, produzido no parque eólico instalado no mar do Norte, que é um dos maiores do mundo. Em vez de gases como dióxido de carbono e outros poluentes tóxicos, o único resíduo lançado no ar pelos icônicos ônibus vermelhos será vapor d’água.
O controle da emissão de gases poluentes é o maior desafio na área de mobilidade urbana. No mundo, cerca de 20% da emissão de CO2 provém do transporte, que, além disso, emite outros poluentes e contribui para o efeito estufa. Segundo um estudo da USP publicado na revista científica "Nature", apesar de representarem só 5% da frota de São Paulo, os veículos pesados respondem por 30% do CO2 e cerca de 45% de outros gases tóxicos.
O Brasil foi um dos pioneiros no uso de hidrogênio, produzido a partir da eletrólise da água, para abastecer ônibus. O primeiro protótipo começou a ser testado há uma década. Já em sua terceira versão, o modelo desenvolvido pela Coppe/UFRJ, ganhou mais eficiência energética e adequação às características de fabricação industrial para que seja possível produzi-lo em série.
Batizado H2+2, ele tem capacidade para 69 passageiros e autonomia de 330 quilômetros, equivalente à distância média diária percorrida pelos ônibus urbanos a diesel. O diferencial é que, além de hidrogênio, ele pode ser abastecido com energia elétrica. Possui um sistema que transforma a energia liberada nas freadas em eletricidade e reaproveita o vapor d’agua liberado na pilha a combustível.
Em São Paulo, a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) também desenvolve um projeto em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) da ONU. Os ônibus paulistas utilizam hidrogênio produzido a partir de gás natural, que, embora mais eficiente, mantêm a emissão de poluentes.
Para se ter uma ideia da evolução, o primeiro ônibus, desenvolvido na Europa, consumia 25 quilos de hidrogênio a cada 100 km. A atual versão da Coppe consome 6,7 quilos nessa mesma distância, segundo o engenheiro Edvaldo Carreira. "Um dos principais obstáculos para a expansão dessa frota é o elevado custo de produção", explica Arie Halpern, especialista em tecnologias disruptivas, acrescentando que a busca de soluções com custos menores provocou uma onda de projetos de pesquisas e desenvolvimento no mundo.