27/08/2018 às 21h42min - Atualizada em 27/08/2018 às 21h42min

Jucá alega divergências sobre crise em RR e deixa liderança do governo

Presidente nacional do MDB, senador faz anúncio em meio a cenário desfavorável a sua reeleição; ele ocupa apenas o terceiro lugar na última pesquisa Ibope

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Foto: Pedro Ladeira/Folhapress
O presidente nacional do MDB, senador Romero Jucá (RR), anunciou nesta segunda-feira, 27, que deixou a liderança do governo Michel Temer (MDB) no Senado por “discordar da forma como o governo federal está tratando a questão dos venezuelanos em Roraima”, base eleitoral do parlamentar, que é candidato à reeleição.

“Acabo de comunicar ao presidente Michel Temer que deixo a liderança do governo por discordar da forma como o governo federal está tratando a questão dos venezuelanos em Roraima”, publicou Jucá em seu perfil no Twitter.

Nos últimos dias, a gestão Temer tem sido pressionada com propostas de bloquear a entrada de imigrantes por Roraima. Jucá é um dos que passaram a encampar o pedido feito pelo governo local de bloqueio da entrada de imigrantes na fronteira do estado, de forma temporária. O estado já sofre com o problema desde 2015.

Na semana passada, o senador também anunciou à imprensa que apresentaria uma proposta ao Senado para estabelecer “cotas” para a entrada de imigrantes no país. Ele é um dos principais aliados do presidente Michel Temer, de quem foi ministro do Planejamento logo no início do mandato do vice de Dilma Rousseff (PT). Em 2016, deixou o cargo após aparecer em áudios com Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, sugerindo um acordo para barrar as investigações da Lava Jato. Também se articulou para barrar as denúncias da PGR (Procuradoria-Geral da República) contra Temer no Congresso, em 2016.

Com a crise no país vizinho, estima-se que 60 000 venezuelanos tenham migrado para o Brasil. Hoje, eles já representam mais de 10% da população de Roraima, que não tem capacidade para recebê-los. A imigração no estado tem causado episódios de violência: na semana passada, moradores expulsaram 1 200 refugiados. Na ação, acampamentos foram destruídos, pertences, queimados, e barricadas acabaram montadas pelos brasileiros nas estradas.

Corrida eleitoral

Adversária política de Jucá, a governadora de Roraima, Suely Campos (PP), já vinha pedindo o fechamento da fronteira nas últimas semanas e protocolou novo pedido no STF (Supremo Tribunal Federal). Ela tem acusado o governo federal de omissão diante da situação.

Segundo pesquisa Ibope, divulgada no último dia 17 de agosto, Jucá está na terceira posição nas pesquisas de intenção de voto para o Senado, com 25% da preferência do eleitorado, atrás de nomes como o de Mecias de Jesus (PRB), que tem 26%, e Angela Portela (PDT), que lidera com 30%. Como são duas vagas, ele corre o risco de não conseguir se reeleger se o resultado nas urnas for este.

Apesar dos pedidos, Temer voltou a dizer, no sábado, 25, que as fronteiras brasileiras continuarão abertas. O presidente disse que bloquear a entrada de pessoas é algo “incogitável” pelo Palácio do Planalto porque seria “desumano”. Além disso, segundo ele, iria contrariar os compromissos feitos pelo Brasil junto à ONU (Organização das Nações Unidas). “Temos feito o possível para atender a compromissos de natureza internacional”, disse.

(com Estadão Conteúdo)

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