A Confederação Nacional da Indústria (CNI) voltou a cobrar, por meio de documento, a criação de uma política no país que auxilie o setor industrial a acompanhar a chamada "quarta revolução industrial". Um estudo foi divulgado pela entidade, com gráficos que apontam a importância desta área para o desenvolvimento, além da exposição de recomendações para modernizá-la.
A CNI destacou, em suas considerações, que países desenvolvidos fortalecem o setor produtivo por meio de medidas governamentais que atendem às demandas da área. É o caso, por exemplo, de investimentos estruturais, além da definição de um plano para a indústria.
Esta não é a primeira vez em que a CNI manifesta-se em prol da pauta. Em fevereiro de 2018, a confederação divulgou um estudo que apontava possíveis medidas para ajudar na evolução dos empreendimentos brasileiros de âmbito industrial. A entidade defende a importância de ações do Poder Público ante a consolidação do conceito de "indústria 4.0".
O presidente da Confederação Nacional da Indústria, Robson de Andrade, declara que não se trata de um mero pacote de incentivo e subsídios. Para ele, a política industrial mudou e tem sido utilizada, em países como Alemanha, China e EUA, para desenvolver segmentos industriais e tecnologias específicas. Andrade acrescenta ainda que o surgimento da própria Indústria 4.0 é exemplo disso.
De acordo com o presidente da CNI, a experiência internacional indica que melhorias no ambiente de negócios e políticas horizontais de estímulo à pesquisa e desenvolvimento, apesar de essenciais, não são suficientes quando a competitividade da indústria está em jogo.
Entre os exemplos citados pela CNI, está a falta de conectividade rural, já que a baixa cobertura de banda larga nas regiões interioranas faz com que a produção de maquinário inteligente e de sistemas para o ramo agrícola seja pouco atrativa. Consequentemente, se não há demanda suficiente para gerar retorno financeiro, as companhias não destinam grandes empenhos para a instalação de melhor internet no campo. A entidade defende que, em casos como este, o Poder Público deve cumprir a função de mediador, considerando que o papel do Estado é incentivar investimentos em todas as partes interessadas.
Robson de Andrade ressalta que a política industrial deve promover uma transformação estrutural. O titular da confederação afirma que isto significa desenvolvimento e absorção de novas tecnologias, além de modernização da forma e do resultado da produção, com produtos de maior valor agregado. De acordo com Andrade, não é simplesmente aumentar a produção, mas sofisticá-la.
O documento da CNI pontua ainda uma série de recomendações à governança, para que as administrações públicas possam atender à cobrança do segmento. O manifesto sugere a articulação institucional entre órgãos públicos, além da criação de uma instância responsável por manter contato permanente com o setor privado. Também é sugerido o estabelecimento de metas claras, com um sistema de controle efetivo e de contrapartidas dos empreendedores aos estímulos da política industrial em prol dos resultados almejados.