A diáspora venezuelana residente em São Paulo se reuniu na última segunda-feira, 21 de outubro, no Auditório Paulista Premium, para conhecer mais detalhes sobre o planejamento que impulsiona o governo do presidente encarregado da Venezuela, Juan Guaidó, para a reconstrução desse país sulamericano. O Plan País, como é chamado, é o produto do debate de grupos de especialistas venezuelanos e pretende assentar as bases da reconstrução da Venezuela, os elementos que o compõem, abordando desde a atenção da crise humanitária até o desenvolvimento de um novo modelo econômico que permita restaurar a capacidade de produção.
As questões relacionadas às áreas agroalimentar e energia foram o centro da apresentação. Aquiles Hopkins, Coordenador Técnico do Plan País Agroalimentar, foi o responsável por apresentar as propostas do documento/estudo para o desenvolvimento dos campos venezuelanos. "Necessitamos de uma agenda positiva. Vamos lutar pelo o que queremos e acreditamos. A Venezuela perdeu muito nas últimas décadas, especialmente sua capacidade de produção agroalimentar. O Brasil é um parceiro estratégico nesse momento neste segmento", afirma Hopkins.
O deputado e presidente da Comissão Especial da Assembleia Nacional da Venezuela para o Plan País, Juan Andrés Mejía, ficou encarregado de apresentar aos participantes as questões de matéria energética. "Temos que oferecer mais pressão internacional à ditadura atual e o Brasil é um país chave na região, por isso iremos à Brasília conversar com as autoridades para ver novas maneiras de aumentar essa pressão", contextualiza Mejía, vindo especialmente de Washington, Estados Unidos, onde vive atualmente, pois é um perseguido político da ditadura de Nicolas Maduro.
Além de trocar ideias no âmbito do estudo, os participantes tiveram a oportunidade de aprender sobre o Plano "Vuelve a Casa" ("Venha para Casa"), que visa gerar as condições necessárias para que milhões de venezuelanos retornem ao seu país de origem. "É um trabalho articulado e cada um doa seu tempo, pois somos todos voluntários. Acreditamos no que fazemos e queremos contar com o apoio de cada venezuelano vivendo no exterior", disse o coordenador Internacional do Plan País, Darío Ramírez.
Já a embaixadora venezuelana no Brasil, María Teresa Belandria, destacou a importância da participação da diáspora venezuelana no Plan País e na recuperação da Venezuela. "Temos que começar do zero e são as mulheres que mudarão o país", citou a diplomata e reforçando que são 14 embaixadoras espalhadas pelos países que reconhecem o governo de Guaidó. Questionada sobre sua atuação nos oito meses morando no Brasil, respondeu que não se preocupa com uma embaixada luxuosa, chef, motorista ou outras ofertas. "A embaixada é no hotel onde moro. Quando preciso de favores peço a colegas embaixadores e conto com minha equipe onde cada um tem um papel fundamental. O Governo brasileiro já nos ajuda muito especialmente através do exército apoiando nossos irmãos que cruzam a fronteira, validando àqueles que têm passaportes vencidos entre outros exemplos", finaliza Belandria.
O otimismo e a esperança da diáspora venezuelana foram reforçados com as propostas concretas apresentadas no evento. Os participantes manifestaram seu apoio ao Plan País e pediram que esse tipo de evento continuasse, permitindo que eles fizessem parte das soluções que lhes permitiriam voltar para casa. Além disso, o turismo foi pontuado como uma das áreas que mais sofreram com a atual situação do destino com o fim de voos internacionais e a queda no número de chegadas.