11/07/2019 às 15h06min - Atualizada em 11/07/2019 às 15h12min

CNJ formaliza participação do notariado brasileiro no combate à corrupção

Resolução do Conselho Nacional de Justiça prevê que os tabelionatos comuniquem movimentações suspeitas ao Conselho de Atividades Financeiras (Coaf)

DINO
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CNJ formaliza participação do notariado brasileiro no combate à corrupção


Em muitos países, o notariado exerce um papel determinante no combate à corrupção, à lavagem de dinheiro e à ocultação de bens. Na Espanha, por exemplo, além de comunicar todas as transações financeiras suspeitas às autoridades competentes, os notários integram o Órgano Centralizado de Prevención del Blanqueo de Capitales, o OCP, responsável por coordenar e centralizar todos os esforços anticorrupção.Embora ainda esteja buscando, junto às instituições, um modelo de atuação semelhante ao espanhol, a atividade notarial no Brasil vem sendo reconhecida, nos últimos anos, como fundamental para a eficiência de qualquer política de combate à corrupção. Prova disso é uma resolução do Conselho Nacional de Justiça, em fase de finalização, que determina a obrigatoriedade de os tabelionatos informarem ao Conselho de Atividades Financeiras (Coaf) quaisquer movimentações financeiras suspeitas.

A resolução atende uma norma legal prevista desde 2012, mas que aguardava a regulamentação do CNJ para entrar em vigor. Além disso, ao integrar notários e registradores aos esforços de contenção dos crimes, a resolução cumpre uma das 14 ações elencadas pela Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro (Enccla) como prioritárias para serem executadas em 2019. Por fim, a inclusão dos tabelionatos na lista de entidades que devem prestar informações ao Coaf também atende uma das exigências do Grupo de Ação Financeira contra a Lavagem de Dinheiro e o Financiamento do Terrorismo (Gafi) para que o Brasil suba de patamar na próxima avaliação mundial do órgão, em 2020. “Assim que o provimento for publicado, 9 mil tabelionatos irão observar movimentações suspeitas e informar o Coaf”, diz o presidente do Conselho Federal do Colégio Notarial do Brasil (CNB), Paulo Roberto Gaiger Ferreira.

Na prática, a resolução do CNJ “fecha o cerco” para quem utilizava a atividade notarial com a intenção de dar uma aparência de legalidade aos atos de corrupção, lavagem de dinheiro, ocultação de bens e financiamento do terrorismo. Assim que o notário observar algum tipo de transação suspeita, informará direto ao Coaf – órgão criado em 1998 com a missão de ajudar a Receita Federal a identificar crimes. Até hoje, 4 milhões de pessoas e 1,2 milhão de empresas geraram alertas de movimentações atípicas e foram parar no banco de dados do órgão – em 2018, foram 7.446 casos em todo o País. Além dos tabelionatos, cuja prestação de informações passa a ser obrigatória com a resolução do CNJ, os bancos, no Brasil, são obrigados a notificar sobre transações suspeitas. Os depósitos em dinheiro acima de R$ 2 mil, por exemplo, são automaticamente enviados ao Coaf – e correspondem a 90% das notificações emitidas.

Tabelionatos: eficiência e credibilidade

A formalização do ingresso dos tabelionatos no combate aos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro é motivo de comemoração para o notariado. “Não é de hoje que esperamos possibilidades concretas como essa para contribuir, mais efetivamente, para o desenvolvimento do País”, ressalta o presidente do CNB, Paulo Roberto Gaiger Ferreira, acrescentando que, nos últimos anos, os notários se dedicaram a ampliar a eficiência dos serviços com o objetivo de desburocratizar, agilizar e facilitar a vida dos cidadãos. Um exemplo é o lançamento, em abril deste ano, do e-notariado – uma plataforma de serviços notariais, com site e aplicativo, que promete revolucionar o atendimento dos cartórios. “Não há instituição que tenha uma capilaridade como a nossa no Brasil. Quando todos os tabelionatos estiverem cadastrados no e-notariado, teremos a maior rede de certificação digital do País”, explica o presidente do CNB.

A eficiência do notariado é corroborada por autoridades como o corregedor nacional de Justiça, Humberto Martins. Recentemente, durante a Conferência Nacional dos Cartórios, ele destacou a relevância da categoria para o desenvolvimento do Brasil. “A ultrapassada ideia de que a atividade registral e notarial brasileira é um entrave ao desenvolvimento econômico foi substituída pela constatação inequívoca de que ela se apresenta como uma alternativa segura e eficiente para o crescimento do país”, afirmou o ministro na solenidade de abertura do evento, no início de junho, em Natal (RN).

Sobre o Conselho Federal do Colégio Notarial do Brasil

O Colégio Notarial do Brasil – Conselho Federal é uma organização sem fins lucrativos que congrega cerca de nove mil tabeliães de notas do País, a fim de representá-los perante a comunidade e o poder público. O principal fim como sociedade civil de direito privado é colaborar para o aperfeiçoamento dos serviços notariais. A missão do CNB é estimular a união, a ética e o desenvolvimento dos notários – profissionais do Direito responsáveis por formalizar atos jurídicos e auxiliar no cumprimento das leis e fiscalização dos impostos, com atuação voltada ao direito de família, doação e sucessão, imobiliário, empresas e conciliação e mediação.



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