17/06/2019 às 14h07min - Atualizada em 23/06/2019 às 00h00min

BREXIT: Processo Conturbado e o futuro Incerto do Reino Unido

O processo denominado Brexit (Britain e Exit) começou a se materializar com a realização de um referendo, em 23 de junho de 2016, onde 51,9% da população votou pela saída do Reino Unido da União Europeia. A princípio, a saída definitiva do Reino Unido deveria acontecer após um período de transição de dois anos, contado inicialmente a partir de março de 2019. Por falta de acordo, uma nova extensão do Brexit vai até 31 de outubro de 2019.

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Brexit


O Brexit (combinação dos termos "Britain" e "Exit"), originou-se no mandato do Primeiro-Ministro David Cameron. Para reeleger-se, Cameron coligou-se ao Partido da Independência do Reino Unido (UKIP), Partido Eurocético que pregava que o Bloco Europeu suprimia a soberania do Reino Unido em temas econômicos e de imigração. O acordo para a coligação foi a convocação de um plebiscito sobre a manutenção ou retirada do Reino Unido da União Europeia.

Este processo, materializou-se com o referendo de 23 de junho de 2016, na qual 51,9% da população votou pela saída do Reino Unido da União Europeia . A saída permanente do Reino Unido deveria acontecer após uma fase de transição a partir de março de 2019. Mas, por falta de acordo, uma nova extensão do Brexit vai até 31 de outubro de 2019.

A saída do Reino Unido do Bloco Econômico Europeu provocará sérias consequências Econômicas, Políticas, Sociais e Culturais. Bem como, afetará questões de segurança nacional como o combate ao terrorismo.

Temas como segurança de fronteiras, transferência de Agências Europeias e a readequação do sistema legislativo Britânico, devido à perda de validade de inúmeras leis vigentes na Europa, consiste em um importante desafio.

Embora o Governo de sua Majestade tenha oferecido um pacto de cooperação relativo à segurança, a efetivação do Brexit, poderá impactar profundamente no combate aos crimes virtuais, às organizações criminosas e ao terrorismo.

Relativamente aos impactos econômicos, é provável uma desvalorização da libra esterlina; o aumento da inflação; a instabilidade das Bolsas e do mercado imobiliário e a queda das taxas de juros e empréstimos bancários, pelo lado Britânico visando conter as perdas de capitais.

No âmbito financeiro, cabe destacar que o lado Britânico ainda empresta uma quantidade relevante de sua moeda no exterior, ou seja, com a alta desvalorização prevista, aumentará de repente do seu patrimônio líquido.

O provável aumento da inflação e a consequente, perda do poder aquisitivo da moeda, diminuirá o poder de compra do turista britânico que possivelmente escolherá destinos mais baratos, diminuirá o tempo de estadia e gastos no exterior. Países que dependem do turismo Britânico, poderão sofrer com redução de suas receitas.

Outra consequência direta do BREXIT é a perda de liderança do Reino Unido nos mercados financeiros, com saída de Matrizes de Bancos e fuga de capitais. O Relatório Global Regulatory Outlook 2019 da Consultoria Duft & Phelps indica que Londres deixou de ser o centro financeiro mundial perdendo esta liderança para Nova York.

A previsão Econômica, nada otimista, é resultado dos últimos episódios, quando se constatou que produtos ingleses se tornarão mais caros e menos competitivos, em comparação aos produtos de seus pares Europeus. A perda da validade de taxas e impostos, aplicados na área comum, forçará o Reino Unido a construir novas parcerias, resultando assim em uma demanda adicional de problemas aos já existentes no âmbito comercial.

Quanto aos impactos no mercado laboral, observou-se relativa falta de mão de obra, pós referendo, nos segmentos que mais intensivamente empregam imigrantes, como a agricultura e a construção civil. Cerca de 3,2 milhões imigrantes que vivem e trabalham no Reino Unido, não obtiveram visto permanente, criando assim um clima de insegurança e ansiedade.

Uma presumível perda da contribuição monetária pelo lado Britânico, aliado à necessidade de renegociação de tratados comerciais. Bem como, o receio de que outros países pudessem fazer o mesmo, consiste em alguns dos possíveis efeitos diagnosticados, em caráter preliminar, do Brexit para o Bloco Europeu.

Relativamente ao comércio, cabe destacar a importante necessidade de reequilíbrio econômico quanto à produção, exportação e poupança, sendo que a desvalorização da moeda Britânica poderá colaborar neste sentido.

Outro ponto relevante, que merece um destaque especial, trata-se da implementação do livre comércio com um modelo alfandegário fundamentado na soberania do Reino Unido.

Em relação à situação Irlandesa, o plano para manter a Irlanda do Norte no marco regulatório Europeu, incluindo o seu controle alfandegário e jurisdicional, desagrada o governo Britânico, em função de ameaçar a integridade territorial do Reino Unido. Quanto a Gibraltar, qualquer alteração no estatuto precisará da aprovação Espanhola, conforme já definido pelos Estatutos Europeus.

Diante do impasse nas votações do Brexit no parlamento do Reino Unido, ainda é possível uma mudança de ideia, um novo plebiscito ou até mesmo desistência de sair da Comunidade Europeia, em função da alta complexidade deste processo e do tempo relativamente curto para realizar todas as negociações, bem como da alta pressão popular nos últimos dias sobre a classe política.

Diante dos últimos acontecimentos, independente do resultado final, tanto o Reino Unido quanto a União Europeia, sofrerão perdas relevantes. Entretanto, nesse processo de transição poderiam ser mitigados os principais problemas, diminuindo assim os possíveis danos.

A manutenção de uma União Aduaneira, entre as partes, seria um exemplo de bom relacionamento que ajudaria o comércio entre esses países, neste momento de difícil transição. Portanto a previsão, pouco otimista, quiçá sombria do futuro do Reino Unido reflete-se no agravamento da economia local, com a alta da inflação e diminuição do poder aquisitivo.

Com a saída de Theresa May, o futuro Primeiro-Ministro decidirá o destino de milhões de pessoas, cientes de que o melhor caminho a seguir talvez não seja mais possível trilhar. Por ironia do destino, poderá assumir a condução dessa transição, o principal incentivador da separação,

Portanto, na presença do cenário, ora apresentado, a boa diplomacia, consiste em vital importância na tomada de decisão mais adequada, visando a mitigação dos efeitos de uma provável saída. Constatando-se que um passo dado em falso, na busca de uma fácil solução, comprometerá o futuro de muitas gerações.

* Arnaldo Feitosa é Mestre e Doutorando em Gestão Empresarial pelo ISCTE, Engenheiro Civil com 25 anos de experiência no segmento de infraestrutura, geração e transmissão de energia elétrica.



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