É improvável que você passe um dia sequer sem ser impactado pela economia criativa. Certamente, a caminho do trabalho ou da escola, seu celular está ligado e você ouve música enquanto dirige ou joga um game dentro do ônibus. Mais do que isso: se seu fim de semana está preenchido com uma sessão de cinema com pipoca ou com um curso de educação a distância para dar um brilho no currículo, lá está a economia criativa.
"O conceito compreende produtos e serviços cujo valor agregado vem da criatividade. Em outras palavras, são produtos e serviços que se baseiam na criatividade para gerar inovação, valor agregado e diferencial", define Ana Carla Fonseca, coordenadora do Programa de Educação Continuada da Fundação Getulio Vargas (FGV) em Economia Criativa.
Desde as primeiras máquinas a vapor da Revolução Industrial, no fim do século 18, o desenvolvimento econômico teve como motor a automação e a divisão do trabalho. Maquinários eficientes capitanearam as grandes indústrias dos últimos 200 anos, como é o caso das indústrias petroquímica, automobilística, da construção civil, da informática, entre outras. A atividade humana, em linhas gerais, estava restrita a duas funções: administrar e projetar sistemas produtivos ou repetir e reproduzir à exaustão funções mecanizadas.
As últimas décadas, contudo, promoveram duas novas revoluções concomitantemente: a cultural e a digital. No campo da cultura, setores relativos à ciência e à tecnologia ou à arte e ao entretenimento geram cada vez mais receitas, recebem mais investimentos, geram mais empregos e proporcionam lazer a mais cidadãos. E a indústria digital funciona como sustentáculo material deste fenômeno.
A ascensão da cultura como uma indústria robusta reflete uma transformação na relação do indivíduo com o trabalho: a criatividade, e não mais a mera capacidade de reprodução, é o grande ativo de um trabalhador. "Uma das grandes belezas da economia criativa é justamente resgatar a importância do capital humano dentro da economia", afirma Ana Carla Fonseca.
QUE SETORES COMPÕEM A ECONOMIA CRIATIVA?
Data de 1998 o documento que serviu de base para as primeiras definições de economia criativa - que até hoje são debatidas entre especialistas de mercado e acadêmicos, e constantemente alteradas. A Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad), por exemplo, fala em 11 setores. Já a publicação Creative Industries - Mapping Document, produzida pelo governo britânico, foi a primeira a definir os setores: estabeleceu 13 segmentos criativos que podem ser divididos em quatro grandes áreas. Confira, abaixo.
Mídia
- Editorial (livros, revistas e conteúdos digitais)
- Audiovisual (conteúdo em vídeo, programação televisiva e transmissões em geral)
Consumo
- Arquitetura (edificações, paisagismo e desenho de ambientes, planejamento de espaços)
- Design (produtos e conteúdos gráficos e multimídia)
- Moda (desenho de roupas)
- Publicidade (criação de peças, marketing, pesquisa de mercados e organização de eventos)
Cultura
- Artes e Patrimônio (museologia, produção cultura e patrimônios históricos)
- Música (gravação, edição, criação e interpretação musical)
- Artes cênicas (atuação, produção e direção de espetáculos)
- Expressões culturais (artesanato, folclore, gastronomia e festivais)
Tecnologia
- Pesquisa e Desenvolvimento (investigações acadêmicas)
- Biotecnologia (bioengenheria e pesquisas laboratoriais)
- Tecnologia da informação (softwares, desenvolvimento de sistemas e robótica)
Contudo, não basta que a atividade esteja ligada a estes setores para que necessariamente esteja no âmbito da economia criativa. Embora não haja uma definição formal da relação entre dedicação a funções criativas versus funções mecânicas ou burocráticas, uma atividade é considerada parte desta indústria quando há caráter de inovação, pioneirismo e geração de valor para um produto ou serviço.
Para saber quais são as cinco formas nas quais a economia criativa já está em sua vida, veja a matéria completa em bluevision:
https://bluevisionbraskem.com/inteligencia/o-que-e-economia-criativa-conheca-5-exemplos-que-ja-estao-em-sua-vida/