O jogador Pedro Severino, de 19 anos, que atua na equipe sub-20 do Red Bull Bragantino e está internado desde terça-feira (4), apresentou reflexos que sugerem atividade do cérebro, nesta sexta-feira (7). O jogador teve o protocolo de morte cerebral suspenso após tossir, no último dia 5 de março
"Esclarecemos que o paciente apresenta reflexos que correspondem à presença de funcionamento do cérebro. A gravidade do trauma craniano requer ainda recursos intensivos do tratamento aplicado pela equipe médica. Portanto, o caso segue estável, porém grave", informou o boletim médico divulgado na manhã desta sexta-feira.
Pedro está sendo submetido a uma série de exames de imagem e monitoramento das funções cerebrais, onde foram percebidos os reflexos que correspondem à presença de funcionamento do cérebro.
Como funciona o processo de morte cerebral?
Para que seja decretada a morte encefálica (ou cerebral), segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), é preciso ter a presença de coma profundo (sem reflexos por parte do paciente) e ausência de atividade do tronco cerebral, responsável por controlar as funções vitais, como a respiração, a frequência cardíaca e a pressão arterial.
Segundo o neurologista Flavio Sekeff Salem, são feitos exames clínicos e de imagem que comprovem a morte encefálica: em sua definição, ela é decretada ao comprovar a "ausência total de função cerebral".
O especialista ressalta que outros sinais de que a morte encefálica aconteceu, mesmo após os testes, são: pupilas permanecem dilatadas, movimentação ocular (córnea) e da cabeça ficam ausentes, além de ausência de reflexo do vômito e de tosse.
No caso de Severino, com o reflexo de tosse na última quarta-feira (5), foi dado um sinal de que o tronco cerebral está em atividade. Com isso, o protocolo foi suspenso.
"O paciente com morte cerebral não apresenta mais função cerebral: ou seja, ausência de consciência e reflexo. Mas em qualquer sinal ou reflexo que ele dê, os testes são suspensos e a morte encefálica é reconsiderada. O que explica o caso do jogador é que provavelmente ele não está em processo de morte", explica o especialista.
De acordo com Sekeff, o protocolo também prevê a realização de dois testes por médicos diferentes, no intervalo de uma hora entre eles. Em caso de suspeita de morte cerebral provável, são solicitados o eletroencefalograma, doppler transcraniano e angiografia ou cintilografia cerebral.
Além disso, é necessário descartar fatores como intoxicação, hipotermia e distúrbios metabólicos. Segundo Sekeff, em alguns casos o quadro de coma pode "simular a morte, mas não evolui para morte encefálica, o que tornam os testes essenciais", pontua.
Pedro Severino segue em observação, enquanto a equipe médica avalia as condições neurológicas do atleta com "avaliações contínuas", informou o hospital.