02/01/2019 às 20h43min - Atualizada em 02/01/2019 às 20h43min

Abel Braga chega 'com fome' ao Flamengo: 'Somos obrigados a ter uma identidade maior com a torcida'

Abel assinou contrato por uma temporada e tem a missão de colocar o Flamengo novamente na rota dos títulos importantes.

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Acertado desde dezembro com a nova administração do Flamengo, o técnico Abel Braga falou as primeiras palavras em sua volta ao clube depois de 15 anos na tarde desta quarta-feira, depois de começar os trabalhos com a nova comissão técnica do clube no Ninho do Urubu.

- A média de público recente mostra bem o tamanho desse clube. Qual o peso, a responsabilidade, e o desafio. Adoro desafios. Venho com fome. Poder dar algo mais ao Flamengo.

Abel assinou contrato por uma temporada e tem a missão de colocar o Flamengo novamente na rota dos títulos importantes. Desde a Copa do Brasil de 2013, o clube não tem uma conquista que acalme os seus torcedores.

- Tudo que o Flamengo precisa este ano está personificado na figura do Abel - afirmou o diretor de futebol Carlos Noval. - Queremos transformar essa estrutura em títulos, e o Abel é nosso carro chefe - completou o dirigente.

Abel foi logo questionado sobre os reforços que serão contratados para 2019. E pediu um pouco mais de paciência aos torcedores. Segundo ele, no entanto, é necessário que no clube haja mais identidade com a Nação por parte dos jogadores.

- O torcedor pode ter certeza que virão alguns jogadores. Posso sair daqui e o telefone tocar porque fulano acertou. Precisamos ter um pouco mais de identidade. O torcedor está tendo do lado de fora. Somos obrigados a ter uma identidade maior com a torcida - afirmou o novo treinador, confirmando que o vice de futebol Marcos Braz viajou para negociar a contratação de um jogador.

Sobre o meia Diego, Abel deixou claro que o Flamengo chegou a seu limite e aguarda o acordo financeiro.

- Tem contrato até o meio do ano depois fica livre. Havia uma proposta para o Diego. Conversamos com ele e estamos tentando um acordo para que prorrogue. Houve uma contraproposta. Aí meu limite termina. Meu limite em relação aos meus jogadores é dizer quem eu quero ou não quero. Quanto vai ganhar eu estou fora. Jogador que se identificou com o clube. É um cara de caráter, que se cuida muito, um dos motivos que o Flamengo está onde está se deve muito a ele - afirmou o treinador.

 

Abel Braga foi aAbel Braga foi apresentado como técnico do Flamengo
Foto: Divulgação
 
CONFIRA TRECHOS DA ENTREVISTA:

O que falta ao Flamengo?

No momento que tem que dar o salto alguma coisa não corre bem. Vamos ter que descobrir. Vou procurar, tentar, identificar e criar uma situação semelhante ao que acontece na arquibancada e no campo. Em 2004 senti isso na espinha. Quando criaram a música ˜Poeira”. Passei anos jogando contra e sei a dimensão que é.

Dedé

É um jogador que eu considero. Mito, o apelido. Dispensa comentário. Qualquer treinador quer. Adoraria ter na minha equipe. É unanimidade nacional. A gente sabe que se o Flamengo está tentando é porque está pensando grande. Mas é muito complicado.

Laterais do Flamengo

Nós precisamos de tudo. Houve interesses de outras equipes nos nossos laterais. Nós também conversamos sobre a possibilidade de sair um. Vou ter que quebrar a cabeça. Pego uma equipe quase montada. Barbieri, Dorival. Vou mudar pouco pela minha maneira de pensar. Se pudermos botar mais qualidade, não queremos trazer igual. Igual pega na base. De hoje até sexta-feira serão dias para se definir muita coisa. Precisamos de algo invisível que não se vê no campo.

Trauco

Em uma das conversas que tivemos, escutei coisas muito boas sobre o Trauco. Capacidade individual, passe e finalização, tudo. Quem sabe não pode ser usado no meio-campo, e não na lateral? Se ele prefere ir para o San Lorenzo, ele está liberado. Gosto de trabalhar com quem quer estar aqui.

Estrutura

Estou maravilhado. Treinamos no CT emprestado do Zico naquela época. É um clube diferente, que alcançou outro status. A grandeza e como chegou. Nada caiu de paraquedas. Pessoas pensaram de forma correta. Um CT que é fantástico.

Base

Alguns jogadores vão com a gente para os Estados Unidos. Vamos montar uma estratégia para jogos e treinos. Tentar fazer os primeiros jogos como continuidade da pré-temporada. É surreal treinar a partir do dia 3 e jogar 17 dias depois, 17h, em Bangu. Sabendo que tem mais de 70 jogos no ano. Não se prepara com 17 dias. Lancei aqui em 2005 o Ibson e o zagueiro Henrique. Esses garotos já tem a essência do clube. Já sabe muito melhor qual o peso dessa camisa. A base é a grande salvação. É o gasto que na frente dá lucro. Na equipe e na manutenção da estrutura. O clube necessita vender e tem que criar.

Tempo parado

Fiquei vendo futebol e repousando. Ver futebol é o estudo. Mas eu não sabia se viria para o Flamengo. Então valeu á pena. Vou voltar leve. Estou leve.

Prioridade de competições

Vamos priorizar sempre o próximo jogo, independente da equipe que estiver em campo. Foi cometido um erro esse ano passado. Não estava aqui. Quando se tentou colocar uma equipe titular desde o Estadual, Copa do Brasil e Brasileiro e Libertadores. Não suporta. O termo é esse. Ninguém prepara uma equipe para oitenta jogos em 17 dias. Nesse primeiro mês até fevereiro o torcedor vai ter que entender. Não vai ter na cabeça a equipe titular. Vai ter que rodar. É a maneira de fazer o cara treinar. Vai chegar na frente e pagar o preço.

Henrique Dourado

Dourado é um cara diferente. Grande homem, grande caráter. Me deu provas dessa qualidade inúmeras vezes. Terá a chance de tentar reverter. Porque reverteu uma vez. Dei sorte de ter sido comigo. Chegou e substituiu o maior ídolo do clube que era o Fred. Falei pra ele que naquele momento ele teria sempre oportunidades, no terceiro jogo deslanchou. Aqui não sei como vai ser. Lá ele precisava de carinho e uma palavra amiga, de conforto. Eu conhecendo o caráter e a personalidade, de conversa pessoal, se tornou peça fundamental. É uma liderança, com atitudes e não palavras. Ficarei feliz se ele repetir aquele ano. Teve proposta, mas está dentro do grupo e contamos com aquele Dourado de 2017.

Diego Alves

Conversei com o Diego. Falei que não queria me meter. Não aconteceu comigo. Pessoalmente, nunca conversei com ele, só por telefone. Isso foi resolvido. Ficou para trás. Não mancha as condutas das pessoas do lado de cá, nem a dele. Ele tem contrato, a princípio contamos com ele. Mas não me aprofundo, porque não participei do problema. Não me coloco de um lado ou outro. Jogador de seleção, muitos anos de Europa, vamos ver como vai transcorrer. Espero que seja da melhor maneira.

Rodrigo Caio

Rodrigo Caio é jogador de seleção, não teve um ano bom, por causa de lesões. Não houve problema médico com o Barcelona, que escolheu outro jogador. Ele vem de um clube pesado, já vestiu a amarelinha. Não tenho a menor dúvida que vai servir. Chega muito motivado. Aqui tem que pegar jogador não só com fome, mas que tenha qualidade.

Modelo de jogo

Da minha maneira é 433. Da maneira atual é 4141. Agora se muda. Tem que falar em transição. Não pode falar que é rápido na saída. Vou jogar com três atacantes. Vou tentar de tudo. Em relação a alguns jogadores vou pensar em função diferente. Tem que testar. A ideia é essa. Sempre foi meu modelo de jogo. Vê no Mundial contra o Barcelona foi com Pato, Fernandão e Iarley no Inter.

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