O momento de maior brio do Vasco no primeiro tempo foi quando o goleiro Lucão, com a bola nas mãos, fuzilou insistentemente Leandro Castan com o olhar, sem dizer uma palavra. O capitão havia acabado de falhar bisonhamente na defesa e por pouco o erro não terminou em gol do Ceará. Alguns minutos depois, um lance sintetizou o ânimo do Cruz-maltino na etapa inicial: a mão na bola que poderia perfeitamente ser interpretada como pênalti a favor do time da Colina foi revisada pelo VAR e ignorada pela arbitragem diante da passividade absoluta dos vascaínos em campo.
Além de apático em boa parte do tempo na derrota para o Ceará por 4 a 1, nesta segunda-feira, em São Januário, — a maior vitória do Vozão na história do confronto —, o Vasco foi mentiroso em diferentes aspectos do jogo. Escalou três zagueiros, mas a segurança na defesa foi falsa, tanto que os dois gols marcados pelo time de Fortaleza nos primeiros 45 minutos, por Pedro Naressi e Cléber, foram pouco perto das chances criadas. Contou com dois alas que mal foram à linha de fundo antes do intervalo e, depois, com três atacantes que não sabem jogar no esquema.
O cenário era tão ruim que até o DJ de São Januário mentia. Os gritos de apoio no alto-falante eram completamente inverossímeis com o desempenho do time em campo. Com público na Colina, o caldeirão estaria prestes a transbordar, no pior sentido da coisa, diante do que se via em campo. Quem conhece a torcida do Vasco quando está ameaçada de rebaixamento, sabe que não é mentira.
A derrota, dentro de casa, contra um rival direto pela permanência na Primeira Divisão, manteve o Vasco em 17º lugar, com 24 pontos, um a menos que o Sport, primeiro time fora do grupo dos últimos quatro colocados na tabela. Aos poucos, o drama vascaíno aumenta. O time já teve dois jogos a menos que a maior parte dos times no Brasileiro. Agora, é apenas uma partida.
Até o ímpeto do Vasco para reagir foi mentiroso. No segundo tempo, Lucas Ribamar foi lançado e derrubado dentro da grande área. A penalidade foi cobrada pelo camisa 9: 2 a 1 Ceará.
Passada a impressão inicial, o jogo continuou o mesmo — o Vasco com a posse de bola, mas pouco capaz de ameaçar o Ceará. Até que Gustavo Torres foi desarmado com falta na origem da jogada que terminou com o terceiro gol do Vozão, marcado por Saulo Mineiro.
O VAR checou o lance novamente e não enxergou a irregularidade. Entretanto, não deixou escapar o segundo pênalti na partida, bem marcado a favor do Ceará. Vina cobrou o pênalti e fechou o placar: 4 a 1 em cima do Vasco. Talvez a única verdade em uma noite de mentiras e apatia por parte dos cariocas.
— Um jogo para esquecer. Precisamos tomar vergonha na cara. O Vasco é muito grande, perder de 4 a 1 dentro de casa tem de doer, tem de sangrar. Essa é a palavra. Temos de colocar a cabeça no travesseiro e ver o que está fazendo de errado. O resultado foi pífio. É dormir sofrendo pela derrota e melhorar na quinta-feira. O futebol nos dá essa oportunidade — afirmou Andrey, em referência à partida contra o Defensa y Justicia, pelas oitavas de final da Sul-Americana (o time da Colina joga pelo empate em 0 a 0 para avançar na competição).