O desfecho de turno para o Flamengo não poderia ser mais decepcionante. Parece uma loucura escrever isso a respeito de um time que ainda divide o topo da tabela com o Internacional, empatado com os mesmos 35 pontos dos gaúchos. Mas é que o Flamengo, que só venceu uma das últimas quatro partidas que fez pelo Brasileirão, mais uma vez desperdiçou a oportunidade de assumir a liderança isolada da Série A.
Contra o São Paulo, o placar de 4 a 1 no Maracanã expõe as dificuldades defensivas, especialmente pela atuação de Gustavo Henrique, e uma pontual incompetência ofensiva. Quem perde dois pênaltis, como fez o rubro-negro neste domingo, não pode reclamar de falta de sorte. Por outro lado, mérito para o goleiro Tiago Volpi, que defendeu as cobranças de Bruno Henrique e Pedro. Mais do que isso: o São Paulo soube explorar os pontos fracos do Fla. O time de Fernando Diniz foi muito organizado e eficiente com as chances. Levou os pontos para casa de forma indiscutível.
O campeonato está mais do que aberto. Para alguns, como o próprio tricolor paulista, faltam mais do que 19 rodadas pela frente. Coisas desse calendário maluco em ano de pandemia. Quem for mais consistente - característica que faltou ao Flamengo nos quatro últimos jogos - levantará o troféu. Para o rubro-negro, ponto de atenção é justamente os confrontos diretos: perdeu em casa para Atlético-MG e, agora São Paulo, e empatou com o Inter.
- A sensação é que a gente não conseguia encaixar a marcação, foram muitas variantes. Eles dominaram o meio. Isso fez com que a defesa fosse muito para trás. Eles ficaram com espaço entre linhas e aproveitaram - resumiu bem o lateral-esquerdo Filipe Luís.
Como entretenimento, não há do que reclamar desse jogo. Assim como fora o empate do Flamengo com o Internacional, semana passada. Mas, do ponto de vista da torcida rubro-negra, levar uma goleada como essa traz um gosto extremamente amargo em um jogo que parecia muito promissor.
Pedro abriu o placar de uma forma magistral. A habilidade para aproveitar a bola longa, ludibriar o marcador e dar um tapa consciente no canto é de impressionar. Detalhe é que o Flamengo nessa situação abdicou da saída curta, mostrando que não é proibido para o goleiro arriscar um passe mais longo. O quarto gol do São Paulo também se valeu desse expediente, por mais que os técnicos Fernando Diniz e Dome compartilhem a filosofia nesse sentido.
A reação são-paulina não demorou, com um tapa consciente de Tchê Tchê no ângulo. A jogada nasceu com uma descida veloz pela esquerda. A inversão pegou a defesa do Flamengo desmontada. Jogado de lateral-direito, o autor do gol teve liberdade para dominar e escolher bem onde colocar a bola. O Flamengo teve chance de voltar a ficar em vantagem quando Everton Ribeiro, o 007 em homenagem ao ator Sean Connery, foi derrubado por Diego. Bruno Henrique cobrou mal, e Volpi iniciou a atuação de gala.
No apagar das luzes do primeiro tempo, Brenner apareceu para virar o jogo, depois que Gustavo Henrique não conseguiu afastar devidamente outro cruzamento que veio do lado esquerdo de ataque são-paulino.
Na etapa final, a apatia do Fla continuou. O São Paulo melhorou de produção e um pênalti cometido por Gustavo Henrique propiciou o gol de Reinaldo. A jogada foi reflexo de uma inversão de uma marcação do árbitro. Era para ser tiro de meta, mas ele deu escanteio para o São Paulo. De qualquer forma, a tentativa atabalhoada de desarme na área culminou com um golpe tipo Karatê Kid desferido pelo zagueiro do Fla na perna do adversário.
Quando Daniel Alves derrubou Gerson na área, a esperança rubro-negra voltou. Mas o artilheiro Pedro mostrou que também é humano. Volpi, em uma jornada espetacular, não só defendeu o segundo pênalti na tarde - pela primeira vez na carreira dele - e deu assistência para o quarto gol, anotado por Luciano. Destino selado para o Flamengo, que recomeçará contra o Atlético-MG, na primeira rodada do segundo turno, a missão de voltar a liderar o Brasileirão.