Uma nova geração de músicos brasileiros tem despontado no mercado internacional tocando um instrumento que é velho conhecido no Brasil: o cavaquinho. De origem portuguesa, o pequeno violão de quatro cordas ficou popular na música brasileira pelas mãos de artistas virtuosos como Waldir Azevedo, Nelson Cavaquinho, Arlindo Cruz e Dudu Nobre. Hoje, jovens talentos da música nacional ajudam a popularizar o instrumento em outros países.
É o caso do carioca Pretinho da Serrinha. Empunhando o cavaco, nos últimos anos o músico embarcou em diversas turnês internacionais com grandes nomes da música brasileira como Caetano Veloso, Tribalistas, Seu Jorge e Sergio Mendes. “Ele tem se tornado um dos músicos mais requisitados da nova geração pelo seu talento com o cavaquinho”, afirma o site americano World Music Central.
Expoente da nova geração do samba, João Martins também empresta seu talento para expandir o conhecimento sobre o instrumento. Em 2018, ele fez turnê pelos Estados Unidos fazendo solos de cavaco em shows com lotação máxima. “Eu toco percussão, mas meu forte mesmo é cavaquinho e banjo”, diz o sambista, filho do mestre do cavaco Wanderson Mantins, que acompanha Martinho da Vila há mais de vinte anos.
Primo do ukalele, o cavaquinho é notável em ritmos tradicionais do Brasil como samba e choro, mas sua sonoridade única vem sido explorada também em gêneros globais como rock, rap e música eletrônica. Apostando na versatilidade do cavaco, a banda curitibana Machete Bomb resolveu dedicar um álbum inteiro ao instrumento. “A Saga do Cavaco Profano” oferece um híbrido de hip hop e rock’n roll com a participação do norte-americano Slick the Misfit. “Foi com o disco ‘Roots’, do Sepultura, que entendi a possibilidade de unir a influência americana com uma assinatura brasileira genuína”, conta o cavaquista Madu, do Machete Bomb, sobre o trabalho lançado pelos brasileiros do Sepultura em 1996, e um dos álbuns de metal mais populares de todos os tempos. “O cavaco é heavy metal!”, afirma Madu.
Com mais destaque nos palcos americanos, o instrumento vem conquistando novos adeptos no país. “A demanda para aprender cavaquinho tem aumentado”, comenta o multi-instrumentista Gilvan Valério, que já se apresentou com grandes nomes da música popular brasileira como Péricles e Katinguelê. “O cavaquinho foi o meu primeiro instrumento. Nele, aprendi os fundamentos da música, do campo harmônico até como construir acordes. É um instrumento altamente recomendado para iniciantes por ser versátil e barato”, diz. Tocando cavaquinho, Gilvan já se apresentou para milhares de pessoas nos carnavais de Santos e São Vicente, no litoral de São Paulo. Agora, ele vem buscando investidores para um projeto dedicado a levar o cavaquinho do Brasil para crianças nos Estados Unidos. “A barreira da língua ainda é uma dificuldade para quem quer estudar online, já que a maioria do material produzido está em português”, conta. “Com mais informação em inglês, mais pessoas vão se interessar pelo instrumento e novas sonoridades vão surgir”.