22/10/2018 às 15h18min - Atualizada em 22/10/2018 às 15h18min
Caravana de imigrantes continua viagem pelo México em direção aos EUA
Donald Trump afirma que "todos os esforços" estão sendo feitos para "deter o ataque" de migrantes na fronteira sul dos Estados Unidos
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Foto: Reuters Depois de passar a segunda noite em território mexicano, milhares de hondurenhos sem documentos se preparam nesta segunda-feira 22 para continuar sua viagem rumo aos Estados Unidos, apesar do temor de detenção e deportação a qualquer momento ou de sequestro por narcotraficantes.
Quase 3 000 migrantes sem documentos chegaram no domingo à cidade mexicana de Tapachula depois de uma caminhada de mais de sete horas a partir de Ciudad Hidalgo, na fronteira entre México e Guatemala. Em poucos minutos, os integrantes do grupo se instalaram, exaustos, na praça principal da cidade.
Sua intenção original era entrar no país por meio da ponte internacional, passagem oficial entre Guatemala e México. Mas o governo mexicano fechou a fronteira na sexta-feira 19, ante a expectativa da chegada dos hondurenhos.
Muitos desistiram de pedir refúgio ou visto humanitário e optaram por cruzar o rio Suchiate a nado ou em balsas precárias. Pouco mais de 700 entraram legalmente no país, segundo as autoridades mexicanas. Esses migrantes estão em abrigos do governo.
A caravana partirá nesta segunda-feira para Huixtla, outra cidade de Chiapas, onde os imigrantes pretendem recuperar forças antes de seguir até Tijuana ou Mexicali, próximas dos Estados Unidos, seu destino final a mais de 3 000 quilômetros de distância.
“Sabemos bem que este país não nos recebe como esperávamos e que podem nos devolver a Honduras. Também sabemos que há narcotraficantes que sequestram e matam os migrantes”, disse Juan Carlos Flores, 47 anos.
“Mas vivemos com mais medo em nosso país, então seguimos adiante”, completou.
Em Honduras, país afetado pela violência e altos índices de pobreza, “a vida não vale nada, se você deseja continuar vivo tem que andar atento o tempo todo. Sabemos nos cuidar”, explica.]
Reação americana
O presidente Donald Trump advertiu no domingo que “todos os esforços” estão sendo feitos para “deter o ataque” de migrantes na fronteira sul dos Estados Unidos.
“Infelizmente, parece que a polícia e as Forças Armadas do México são incapazes de parar a caravana destinada à fronteira sul dos Estados Unidos”, escreveu Trump em publicação no Twitter nesta segunda, acrescentando: “Eu alertei a Patrulha de Fronteira e as Forças Armadas de que essa é uma emergência nacional”.
Trump disse ainda que começará a cortar ou reduzir significativamente a ajuda externa a Guatemala, Honduras e El Salvador, afirmando no Twitter que os países “não foram capazes de impedir pessoas de deixarem seus países e de entrarem ilegalmente nos EUA”.
Segundo o jornal The New York Times, o governo americano está pressionando cada vez mais as autoridades federais de imigração para que encontrem soluções para proteger a fronteira sul do país da entrada de imigrantes.
De acordo com o diário, membros do Departamento de Segurança Nacional, do Ministério da Justiça, da Casa Branca e do Departamento de Estado têm se encontrado regularmente para elaborar uma alternativa para a política de separação de famílias implantada pelo governo Trump e que gerou grande controvérsia entre junho e julho deste ano.
A solução mais viável encontrada até agora, segundo o NYT, seria deixar as famílias imigrantes que entram ilegalmente no país escolherem entre ficar presas ao lado dos filhos nos locais de detenção regulares ou deixar os menores de idade sobre os cuidados do serviço social em centros especiais para crianças.
Nova caravana
Uma segunda caravana, de quase 1 000 hondurenhos, iniciou neste domingo na Guatemala uma travessia a pé até a fronteira com o México, também com o objetivo de chegar aos Estados Unidos.
A longa fila de hondurenhos saiu do povoado de Esquipulas, onde pernoitou no sábado após entrar na Guatemala pelo posto fronteiriço de Agua Caliente.
O trajeto pelo México pode durar um mês. A caravana que já está no México percorreu mais de 700 quilômetros a partir da cidade hondurenha de San Pedro Sula, de onde partiu em 13 de outubro.
Policiais mexicanos interceptaram migrantes para “convidá-los” a abrigos, onde solicitariam refúgio ou visto. Muitos recusaram a oferta pelo temor de uma armadilha para seu repatriamento.
Sem documentos, os migrantes ficam na clandestinidade ao longo de milhares de quilômetros e à mercê da ação de traficantes de pessoas ou drogas.
(Com AFP e EFE)