Uma técnica que requer atenção, habilidades manuais e conhecimento eletrônico tem ajudado na elucidação de crimes envolvendo roubo e clonagem de veículos no Amazonas. Pioneiro no país, o método desenvolvido pelo perito Charles Cipriano, que atua com a Delegacia Especializada em Roubos e Furtos de Veículos (DERFV), da Polícia Civil (PC-AM), vem sendo fundamental em investigações que tiveram como alvo oficinas de desmanche.
Charles trabalha com perícia de veículos desde 2013, mas, há dois anos, viu a necessidade de aprimorar suas técnicas. “Esse trabalho que a gente faz aqui na DERFV é um trabalho de identificação de veículos a partir das peças. A gente tinha dificuldade quando ia a desmanches e tentar identificar o carro a partir das peças, então a gente desenvolveu uma técnica para chegar ao veículo”, disse.
Conhecimento em áreas como eletrônica, mecânica e o auxílio de softwares ajudam na análise. “A gente pega uma peça do veículo, leva para a bancada (local onde as peças são analisadas com equipamentos eletrônicos), desmonta a peça e a analisa. Pode ser uma análise eletrônica, e a gente chega até a origem do veículo por meio do número que a gente chama de Número de Identificação Veicular”, explicou Cipriano.
No último dia 8 de junho, o método, até então desconhecido no restante do Brasil, foi apresentado por Charles durante uma videoconferência com peritos de todos os estados brasileiros, no Seminário Nacional de Perícia em Identificação de Veículos. Desde então, o perito do Amazonas tem sido procurado por outros profissionais para informações sobre os equipamentos utilizados, os custos e os resultados do método.
Auxílio em investigações
Em dezembro passado, um empresário foi preso suspeito de gerenciar um esquema de clonagem de veículos em Manaus de carros roubados oriundos dos estados de Roraima e Minas Gerais.
As investigações da DERFV apontavam que o suspeito comprava carcaças de veículos, sem utilidade, em leilões. A partir disso, o empresário encomendava roubos de veículos dos mesmos modelos em outros Estados e realizava a clonagem dos automóveis com os dados das carcaças que havia comprado, usando os documentos desses carros.
Como o esquema criminoso realizava o delito de maneira minuciosa, a prática só foi descoberta a partir de análises de peças encontradas em galpões de propriedade do suspeito em Manaus e em Boa Vista, feitas pelo perito.