Quando o festival Coachella anunciou, no início do ano, a participação das cantoras Anitta e Pabllo Vittar entre as atrações da edição que acontece em abril de 2020, na Califórnia, costa oeste dos Estados Unidos, a notícia foi celebrada como o maior destaque que o pop brasileiro já teve em território norte-americano. Com público aproximado de 250 mil pessoas por edição, o evento é considerado um dos mais importantes do país, e já contou com atrações como Beyoncé, Radiohead e Lady Gaga. Outros brasileiros também já se apresentaram no festival, entre eles o trio paranaense Bonde do Rolê, os paulistanos do Cansei de Ser Sexy e o carioca Seu Jorge.
"Eu vou fazer um show superdiferente, mais voltado para um público internacional, como faço quando é fora do Brasil", declarou Anitta, que subiu ao palco do Rock in Rio Lisboa 2019 vestida de Carmen Miranda, ao som do clássico “Disseram Que Eu Voltei Americanizada”, uma provocação da carioca sobre o seu sucesso internacional. “Eu prometi uma vez no Brasil que eu ia fazer o funk ser conhecido em outros lugares — eu sei que não fui só eu, tem muita gente incrível, mas eu estou aqui representando todos eles”, falou ao público.
Os Estados Unidos lideram a lista dos países que mais ouvem funk fora do Brasil, com aumento de 3.421% nos últimos dois anos, segundo levantamento do Spotify sobre a internacionalização do gênero.
Mas não é só o funk que vem ganhando mais espaço no país. Segundo a produtora de shows brasileiros Brazilian Nites, maior empresa do ramo na Califórnia, fundada em 1989, nos últimos dois anos vem crescendo a demanda de shows de artistas do Brasil na América do Norte. Só no ano passado, a empresa promoveu dezesseis shows de artistas brasileiros nos Estados Unidos, incluindo tours de estrelas da música nacional como Roberto Carlos, Caetano Veloso, Daniela Mercury, Alceu Valença, Jorge Aragão, Fundo de Quintal e Tribalistas. “2019 foi um dos anos mais movimentados e importantes pela variedade de gêneros que apresentamos no mercado americano, de MPB a sertanejo”, afirma Patricia Leão, proprietária da Brazilian Nites.
Na esteira do sucesso de grandes artistas nacionais, surgem bandas como o Grupo Resenha, sucesso na região de San Diego, também no estado da Califórnia. Com repertório de samba e pagode, eles propagam as raízes da música brasileira se apresentando em bares, casas de shows e até universidades.
“Os brasileiros levam os amigos americanos nos shows, o que ajuda a expandir o público que consome nossa música”, comenta o multi-instrumentista Gilvan Valério. Ele já tocou com grandes nomes da música popular como Péricles e Kantinguelê e hoje se prepara para seguir carreira internacional. “Existe uma demanda muito grande de músicos brasileiros no exterior, especialmente perto do Carnaval”, afirma o paulista que já recebeu convite da Super Sonic Samba School, escola de samba de San Diego, para se apresentar com seu cavaquinho na costa oeste dos Estados Unidos. “Os gringos também têm samba no pé”, afirma.