27/12/2019 às 10h06min - Atualizada em 27/12/2019 às 11h12min

Empresas devem ver o overcapacity como oportunidade para a cabotagem

O overcapacity deve ser inspirador para que se pense em medidas de melhor aproveitamento do uso desses navios para uma logística interna inteligente: a cabotagem.

DINO
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Como vários outros segmentos da economia, o comércio exterior precisou se reinventar após a crise de 2008, cuja uma das consequências foi a alta deliberada do preço do combustível em 2010. Esse cenário forçou os armadores a utilizarem navios maiores para o transporte de cargas, que na época, era a solução mais econômica e eficiente. Porém, isso gerou um overcapacity, excesso de capacidade dos navios, e trouxe algumas restrições operacionais ao longo dos anos. Tudo isso, por sua vez, deve ser inspirador para que se pense em medidas de melhor aproveitamento do uso desses navios para uma logística interna inteligente: a cabotagem.

Leandro Barreto, administrador de empresas, especializado em Economia Internacional e em Inteligência Competitiva esteve presente no maior evento de Comex do Brasil, o Perxpectivas 2020, para falar de Capacidade do Mercado e destacou os altos e baixos no transporte de carga nos últimos anos. O especialista em transporte marítimo ressaltou que passada a época em que o overcapacity era mais vantajoso economicamente, ele se tornou um problema para os armadores que não mais conseguiam transportar tamanha quantidade de mercadorias.

Por outro lado, o overcapacity não mexeu apenas nos navios, mas também em alguns portos, especialmente no Brasil. Barreto explica que para suportar a chegada desses grandes navios, terminais mais novos e modernos como BTP, Portonave, DPW e Itapoá cresceram de forma acelerada na última década por proporcionarem layout apropriado para recebê-los.

Para a Asia Shipping , idealizadora do Perxpectivas 2020 e maior integradora logística latino-americana, a cabotagem é uma das opções para aproveitar esses navios grandes. "Recomendada no transporte de longas distâncias, a cabotagem é adequada para operações cujas cargas estejam em origem e destino a 200km da costa brasileira", explica a empresa, que reforça ainda que além de sustentável, o transporte marítimo é mais econômico que o modal rodoviário e com menor índice de avarias.

A ideia inicial, que ocasionou o overcapacity em 2010, era reduzir a velocidade dos navios (para menor consumo de combustível) e assim, diminuir o custo unitário de transporte. A AS acredita que além do frete, o aproveitamento destes navios para o uso da cabotagem irá estimular um modal ainda pouco explorado no Brasil e que pode trazer inúmeras vantagens. "Essa navegação deve incentivar a reestruturação dos portos, que irá impactar diretamente na melhoria da prestação dos serviços de comércio exterior", afirma.

Levando em conta que grandes cidades e polos industriais estão concentrados no litoral ou em cidades próximas, a cabotagem pode ser ainda mais rentável e econômica. Entre os pontos fortes do uso deste modal, destaca-se o menor consumo de combustível por tonelada transportada e o menor custo por tonelada-quilômetro transportada, além do reduzido registro de acidentes. Para a AS, a adoção da cabotagem pode também ser considerada uma das maneiras de adesão ao IMO 2020, devido à menor emissão de poluentes que traz um grande benefício ambiental.



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