28/06/2019 às 16h00min - Atualizada em 29/06/2019 às 00h00min

O que o Brasil pode aprender com o Vale do Silício

O Vale do Silício é conhecido como a região mais empreendedora e inovadora do planeta, e tal região apresenta algumas características essenciais que podem ser aprendidas e aplicadas pelas empresas brasileiras.

DINO
https://missaonovaledosilicio.com.br


Com mais de 208,5 milhões de habitantes (IBGE-2018) e 8.547.403 km² de área (CONCLA), o Brasil tem muito potencial nos quesitos naturais, econômicos e sociais. Porém, existe um provérbio que diz “a grama do vizinho é sempre mais verde” que revela o quanto o brasileiro crê que tudo que está além de suas fronteiras é bem melhor do que o que está no território nacional.

De fato, quando o assunto é, por exemplo, pesquisa e investimento em tecnologia alguns países como Israel (que investia 4,2% do seu PIB em pesquisa e desenvolvimento em 2013), Finlândia (que investia 3,6%) e Estados Unidos (com investimento de 2,8%) saem na frente e, por isso, se tornam nações invejáveis nesses quesitos.

O Vale do Silício nos Estados Unidos é um exemplo de promessa de futuro. Mas o lugar, além de reunir grandes empresas reconhecidas mundialmente e que faturam bilhões com suas iniciativas de negócio, estimula um modelo mental diferenciado.

Cultura local e mindset

Não é válido chegar no Vale do Silício acreditando que alguém vai se interessar imediatamente pelo novo negócio apresentado e que atrair investidores é suficiente para o sucesso. As pessoas que residem ou as que desembarcam por lá querem criar algo verdadeiramente impactante, que apresente soluções e traga resultados.

O modelo mental do Vale muito se define por isso – e se difere de tantos outros pela paciência em gerar algo raro, que mude a vida de alguém e que, majoritariamente, facilite os hábitos de vida das pessoas. O objetivo não é ganhar dinheiro propriamente. É fazer dinheiro com a prerrogativa de que um espírito de equipe vale mais do qualquer relação hierárquica e verticalizada.

Tem que ir além.

O negócio não pode se restringir ao Vale, tampouco a um único país. A perspectiva é que o que se cria atinja o maior número de pessoas possíveis e que gere mudanças positivas para essas pessoas. É um processo de escalar a própria ideia, seguindo um caminho que, quando finalizado, vai se superar e criar um verdadeiro ciclo sem fim.

A competição está presente no Vale e muitos dirão que não é tão simples alcançar bons resultados. Simples não é, mas associado a um lugar competitivo está um lugar colaborativo onde pessoas acreditam em pessoas e na capacidade de potenciar uma boa ideia que as interações humanas podem incentivar.

Portanto, o que precisaria ser melhorado ou inserido ao modo de empreender brasileiro? Entre alguns impasses estão:

1- Achar que dinheiro é a finalidade.

Negócios existem porque dão dinheiro e pessoas querem integrar esse universo do mundo dos negócios porque querem dinheiro. Mas é preciso pensar numa finalidade além do tamanho da conta bancária, é preciso estar preparado para competir globalmente.

2- Pensar que o Brasil estar representado no Vale do Silício já é o bastante.

Quando algumas empresas brasileiras, a maioria startups, instalam-se no Vale do Silício, julgam ter conquistado uma grande vitória. De fato, integrar o berço da inovação tem suas vantagens e prazeres, mas o empreendedor se volta justamente para a ideia do provérbio da grama do vizinho.

O empresário acha que o princípio da proximidade faz do seu empreendimento um sucesso, mas não é bem assim. Estar próximo de quem já fez acontecer e de quem mudou a vida de alguém – como o caso da Uber que empoderou motoristas e vem promovendo o transporte compartilhado – não é suficiente. É importante, mas não o bastante para impactar, já que o Vale do Silício ensina que romper barreiras e conquistar novos horizontes vai ser sempre o melhor combustível para o crescimento contínuo.

3- Esquecer de aliar pesquisa, ensino e mercado de trabalho.

Os estudantes do Vale do Silício estudam, pesquisam, desenvolvem, aplicam e constroem a partir da articulação dos espaços físicos das instituições de ensino. Prova disso é Stanford que pode ser considerada um dos bastidores dos resultados que vemos no Vale do Silício.

Além disso, grandes projetos tiveram início em universidades, por vezes interconectadas com ambientes de prática, laboratórios, empresas e rotina diária de trabalho, como é o caso do Google e do Facebook.

4- Pensar na produtividade e resultados sem considerar a flexibilidade.

O mindset do Vale do Silício também prioriza resultados e uma produtividade que apresente mudanças a todo momento, mas é preciso flexibilizar alguns aspectos para que as pessoas não sufoquem, não se sintam pressionadas e trabalhem com prazer. É preciso cumprir prazos respeitar normas, mas sem comprometer, por exemplo, a saúde.

Por isso muitas empresas têm flexibilizado horário de alimentação de seus funcionários. Além de fornecer oportunidades de refeição na própria empresa, as equipes podem se sentir livres para levar o que desejam comer, podem combinar entre elas o cardápio do dia e combinar de comer junto.

Muitas empresas também investem em salas de jogos, viagens e lazer para os funcionários. Incluem-se também a flexibilidade do dress code, permitindo ao funcionário se vestir da forma que ele se sente à vontade, de acordo com a época do ano, sem se comprimir em ternos quentes ou saltos finos e barulhentos.

5- Não ter medo de se expressar. 

Em virtude de uma tradição verticalizada das funções em empresas, se vê muito no Brasil, funcionários “oe”: que obedecem e executam. Mas esses acabam não dialogando no ambiente de trabalho, não compartilham ideias, sequer pensando sobre elas enquanto trabalham, não conseguem olhar para o que fazem de forma crítica e pensar de forma diferente e otimizada.

No Vale do Silício não é assim. As pessoas conversam, convergem, divergem e se questionam. O mindset colabora para sempre pensar na autoavaliação e na avaliação de quem está ao redor a ponto de se sentirem à vontade para apontar impasses, propor melhorias e até mesmo inventar novas formas de se relacionar em equipe.

Para que mais empreendedores possam ver de perto as inovações e mindset do Vale, André Bianchi criou a IIN, uma empresa de imersões de negócios à região, onde realiza visitas técnicas guiadas por diversas empresas e traz palestras de grandes empreendedores sobre a forma do Vale de se fazer negócio.



Website: https://missaonovaledosilicio.com.br
Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »
portaldosena.com.br Publicidade 1200x90