28/05/2019 às 16h06min - Atualizada em 04/06/2019 às 00h00min

A Relação entre o Banco Central dos Estados Unidos e os mercados

A reviravolta do FED, porém, foi suficiente para reacender um grande otimismo. Se for evitada uma recessão, e as taxas de juros permanecerem garantidamente baixas, teremos um cenário suficientemente dourado para justificar o retorno do índice S&P aos picos observados em setembro de 2018.

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No final do ano passado, os mercados financeiros temeram que o maior rigor da política monetária do Federal Reserve (FED), o Banco Central dos Estados Unidos, pudesse arrastar a economia dos EUA para a recessão. A reviravolta do FED, porém, foi suficiente para reacender um grande otimismo. Se for evitada uma recessão, e as taxas de juros permanecerem garantidamente baixas, teremos um cenário suficientemente dourado para justificar o retorno do índice S&P aos picos observados em setembro de 2018. Entretanto, o fato é que o Federal Reserve apenas parou de aumentar suas taxas de juros, não tendo ainda começado a, de fato, implementar o anunciado afunilamento da redução do seu balanço.

Apesar da sensação de otimismo, no entanto, a economia dos Estados Unidos continuou a acumular sinais de fragilidade, em particular no pilar essencial das despesas de consumo. Com o habitual defasamento, a carga de custos de crédito mais elevados, vista em 2018, começa agora a pesar sobre as despesas das famílias. E os preços elevados dos imóveis começam a gerar graves problemas de acessibilidade - ainda que as taxas de crédito à habitação sejam mais baixas -, com os jovens sendo forçados a arrendar propriedades, promovendo o aumento de suas rendas. Com isso, as vendas de casas existentes diminuíram 5,4%, face ao ano anterior. A questão adicional é a resiliência persistente do dólar norte-americano. Poder-se-ia pensar que uma economia norte-americana mais fraca, no momento em que aparecem os primeiros "rebentos verdes" na China, seria capaz de beneficiar outros mercados emergentes (e também exportadores europeus), o que deveria enfraquecer a moeda norte-americana. Mas não foi este o caso. Assim, estamos começandop a ver surgir algumas tensões de liquidez no sistema financeiro dos EUA.

Uma questão adicional é atualmente o aumento dos custos da energia. Sendo os Estados Unidos, agora, um exportador líquido de petróleo, os preços mais elevados do petróleo reduzem os desequilíbrios externos relativos da economia. Como tal, perversamente, o efeito é que essa estabilidade contribui para um dólar mais forte, enfraquecendo ainda mais as expectativas de inflação, as despesas de consumo e, com isso, prejudicando a recuperação da China e dos mercados emergentes. É cada vez mais evidente que o FED terá de considerar tomar medidas expansionistas mais concretas, se pretende estabilizar a deterioração da economia dos Estados Unidos.

Por Didier Saint-Georges, Membro do Comitê de Investimento



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