21/05/2019 às 17h46min - Atualizada em 22/05/2019 às 00h00min

Relações Governamentais passam por transformações e atraem mais mulheres

Aumento da participação de mulheres entre os profissionais de Relações Governamentais está mudando o perfil da área

DINO
https://www.wgr.org/
Maioria de mulheres entre participantes da Missão da Amcham IRELGOV em DC


A Associação norte-americana WGR – Women in Government Relations (Mulheres em Relações Governamentais) divulgou uma pesquisa sobre as tendências de carreira para as profissionais que trabalham nesta área nos Estados Unidos. Constatou que, para cada 1 dólar pago aos profissionais do sexo masculino, as mulheres recebem 0,68 cents, em média. Apesar disso, no ano de 2018, em comparação com o ano anterior, os aumentos reais dados às mulheres foram maiores que os dos homens (4,9% x 2,2%), indicando que há um trabalho em curso para eliminar essa diferença.

Ainda não existe no Brasil uma organização de peso com a WGR, que atue como uma comunidade de apoio para a liderança das mulheres nas Relações com Governo. Entretanto, quem trabalha na área já vem notando um crescimento delas em cargos estratégicos, uma mudança de perfil que ocorre junto à necessidade das empresas em criar estruturas sólidas para relacionamento com governo.

De acordo com Raul Cury Neto, sócio da Vittore Partners, consultoria de Executive Search especializada nas áreas de Legal, Tax, Compliance e Government Affairs, “o número de empresas que estão passando a entender a área de Relações Governamentais como estratégica e relevante vem aumentando e, com o movimento, aumenta a busca por profissionais qualificados, capazes de criar e executar ações estruturadas, que tragam resultados sem violar qualquer regra de compliance.” O executivo conta que, de dois anos para cá, tem recrutado mulheres com mais frequência para cargos de liderança, em especial para companhias multinacionais.

Para além de novas contratações, há também o caso de profissionais que já atuavam com assuntos regulatórios, por exemplo, e migraram de forma natural para as Relações Governamentais, à medida que suas empresas passaram a entender a importância da adoção de processos estruturados e legais para o relacionamento com o poder público.

Lou Bianchini, Diretora Jurídica e de Relações Governamentais da Cielo, a única empresa brasileira na lista das companhias mais inovadoras em 2018, acredita que, quanto mais mulheres estiverem atuando em Relações Governamentais, mais discussões construtivas serão estimuladas. “Entendo que o meu papel, assim como o de muitas (e muitos) colegas nessa posição, é despertar profissionais para essas funções, que exigem profundo conhecimento da indústria, comunicação clara e tempestiva e, sobretudo, a adoção de uma atitude que promova a ética e a justiça.” Para ela, “atuar em Relações Governamentais tem sido muito gratificante, diante do cenário efervescente no qual nos encontramos, com desafios socioeconômicos tanto para a esfera pública, quanto para o setor privado.”

Gisela Martinez, da Antakly Martinez Public Affairs, acredita que este é um momento de grande oportunidade para o mercado brasileiro. “Tenho percebido que a participação das mulheres está crescendo em ambientes que antes eram bastante masculinos. Hoje, tenho muito mais facilidade em criar equipes com lideranças femininas e, entre os meus clientes, ter uma mulher à frente da área de Relações Governamentais e Public Affairs não é mais exceção”. Ela conta que na 2ª Missão Missão Internacional de Global Advocacy e Lobbying, organizada pela Amcham Brasil e pelo IRELGOV, em Washington, dos 22 participantes, 14 eram mulheres, “um indicador bastante promissor de que há empresas investindo na capacitação de mulheres para atuarem na área”.

Para Beatriz Lima, gerente executiva de articulação da CNI na Câmara dos Deputados, trabalhar como Relações Governamentais é fascinante. “Atuamos em um ambiente sensível, que exige a manutenção de relacionamentos pluripartidários, e estabelecer confiança com parlamentares, governo e outros influenciadores é fundamental. O processo legislativo é dinâmico e, muitas vezes, temos que tomar decisões durante votações que interessam ao setor. Para participar dessas discussões, é preciso estar bem preparado e conhecer as especificidades do processo legislativo, mantendo-se atualizado em estratégias e manobras de atuação.”

Quando começou sua carreira, Beatriz conta que a maioria dos profissionais era formada por homens. “Hoje, as mulheres se superaram e mostram do que são capazes. Com competência e transparência, construímos nossa boa reputação nesta atividade”. Como resultado, toda a equipe planeja e executa as estratégias de atuação. “Com um corpo de profissionais atuando juntos, o resultado só pode ser o êxito; todos ganham, a equipe cresce, fica mais segura para abordar o parlamentar, e para obter o resultado. Em situações que demandam tomadas de decisão não previstas, há orientação para consultar as lideranças, mas de uma forma geral o time está sempre muito bem preparado.”

Quem também percebe e considera importante o aumento da participação de mulheres em Relações Governamentais é Renata Bley, Gerente Sênior de Relações Governamentais na Braskem. Atuando há 18 anos na área, Renata acredita que “a diversidade gera riqueza, agrega visões diferentes e estimula o debate.” E continua: “Os desafios para atuar nesta área não diferem de qualquer outra; é preciso entender o que é crítico e estratégico para sua empresa ou clientes, e buscar se antecipar. Também é muito importante ter capacidade de análise e produção de conteúdo, pois só assim é possível construir bons argumentos e defender posições sólidas.”

De forma geral, o mercado está aquecido para o profissional de Relações Governamentais, e as mulheres que atuam na área estão cada vez mais organizadas para construir um caminho de igualdade.



Website: https://www.wgr.org/
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