10/01/2025 às 11h40min - Atualizada em 10/01/2025 às 11h40min

Bolo envenenado foi feito para família após amigas de sogra desmarcarem encontro, diz polícia

Suspeita tinha como alvo sogra por "mágoa" envolvendo R$ 600; veneno usado em farinha serviria para bolo de encontro entre sogra e amigas

CNN
Em um desdobramento chocante do caso do bolo envenenado em Torres (RS), a Polícia Civil do Rio Grande do Sul revelou que o alvo principal da suspeita, Deise Moura dos Anjos, era sua própria sogra, Zeli dos Anjos. O motivo seria uma mágoa antiga relacionada a um valor de R$ 600 que, apesar de ter sido quitado em poucos dias, gerou ressentimento em Deise.

A investigação, nomeada “Operação Acqua Toffana” em referência a um veneno à base de arsênio usado no século XX, descobriu que o arsênio utilizado no bolo que matou quatro pessoas e deixou outras duas internadas seria originalmente usado em um bolo para um encontro de amigas de Zeli. O encontro foi cancelado, e a farinha contaminada acabou sendo utilizada no bolo da família.

A polícia acredita que Zeli era o principal alvo de Deise porque a sogra foi a única figura presente em todos os casos em que a suspeita levou veneno para consumo da família.

Deise Moura dos Anjos está presa preventivamente desde o dia 5 de janeiro por triplo homicídio duplamente qualificado e tripla tentativa de homicídio. A investigação aponta que Deise pesquisou, comprou e utilizou o veneno para cometer os crimes. As compras foram feitas pela internet e entregues pelos Correios.

Crimes premeditados e criação de álibis

O delegado responsável pelo caso, Marcos Veloso, afirmou que a polícia possui provas suficientes para incriminar Deise pelas quatro mortes, incluindo a do sogro, que foi confirmada após a exumação do corpo. A perícia constatou que a concentração de arsênio no estômago do sogro era a segunda maior entre as vítimas, evidenciando um envenenamento proposital.

A polícia acredita que Deise tentou encobrir seus rastros, apagando pesquisas e manipulando a família para desviar a atenção da investigação. As provas foram constatadas no celular da suspeita, após trabalho técnico da PCRS.

Após a morte do sogro, por exemplo, ela teria tentado convencer a família de que a causa da intoxicação seria uma banana levada pelo filho (marido dela), buscando evitar a perícia do corpo.

Caso deve mudar investigações por intoxicação

O caso reacendeu o debate sobre o controle de substâncias tóxicas como o arsênio. O secretário de segurança do Rio Grande do Sul, Sandro Caron, afirmou que a polícia solicitará ao governo federal medidas mais rigorosas para o acesso a esses produtos.

Durante a coletiva, Caron afirmou que o episódio envolvendo um bolo envenenado com arsênio, deve mudar o paradigma das investigações do órgão, a partir de mortes por intoxicação.

A investigação segue em andamento, com a polícia buscando determinar se Deise tentou envenenar outras pessoas além das já confirmadas.

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