01/06/2024 às 08h39min - Atualizada em 01/06/2024 às 08h39min

Cetamina: entenda o que é a droga usada em ritual mantido por presos após morte de Djidja Cardoso

Droga é usada como anestésico, analgésico e até no tratamento da depressão

Poliana Casemiro
G1
Foto: Reprodução
Três pessoas foram presas pela polícia após a morte de Djidja Cardoso, ex-sinhazinha do Garantido, por tráfico de drogas e associação ao tráfico. Segundo a polícia, eles estavam envolvidos com o uso e venda de cetamina em um ritual.

Djidja foi achada morta na última terça-feira (28) e havia cetamina na casa onde ela foi encontrada. Durante as investigações, a polícia descobriu que a mãe da ex-sinhazinha e seu irmão lideravam um grupo chamado “Pai, Mãe, Vida”. Nos rituais, difundiam o uso da substância, até de maneira forçada.



A polícia investiga se há relação entre a morte de Djidja e a atuação do grupo. Ao lado do corpo,



A substância cetamina (também grafada como quetamina ou ketamina, por causa de sua origem no inglês - ketamine) é um anestésico de uso humano e veterinário que se tornou uma droga ilícita na década de 1980.

O fármaco é considerado um anestésico dissociativo, isto é, que causa efeitos alucinógenos, sensação de bem-estar e tem potencial sedativo quando usado como droga recreativa.

O primeiro caso da utilização da cetamina como droga (ou seja, para fins recreativos) foi registrado nos anos 1970, nos Estados Unidos. Na década de 1990, o uso se disseminou no Reino Unido, especialmente em clubes noturnos e festas conhecidas como raves.

No Brasil, o tráfico utiliza essa substância para produzir uma droga sintética traficada com o nome de "special k", “Key”, “Keyla” ou “Keta”.

Usada como anestésico, analgésico e contra depressão

A substância tem também histórico de uso como remédio veterinário, como tranquilizante de cavalos. Além de ser anestésica e analgésica, ela também é usada no combate a sintomas de quadros de saúde mental.

Rodrigo Leite, médico psiquiatra e professor colaborador do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, explica que a droga é eficaz no tratamento de doenças como a depressão.

"Ao longo do tempo, verificou-se que a cetamina tem potencial para promover melhoria do humor e aumento da disposição. Com isso, foram iniciados estudos para o uso desse fármaco no tratamento de quadros depressivos", detalha Rodrigo Leite.

Em 2020, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o cloridrato de escetamina, um antidepressivo na forma de spray inalável indicado para adultos com depressão resistente a tratamentos convencionais e para pessoas com transtorno depressivo maior (TDM) que tenham pensamentos ou atos suicidas.

Perigos do uso descontrolado

O que os especialistas alertam é que como medicamento o uso é controlado e com rigoroso acompanhamento médico, já que há risco de dependência.

"Apesar do uso como droga terapêutica, é preciso lembrar do risco considerável de abuso e dependência quando não há controle. A cetamina deve ser administrada somente em ambiente hospitalar, de forma supervisionada e com orientação médica", alerta Rodrigo Leite, médico psiquiatra.

Recentemente, o ator Matthew Perry, de “Friends”, morreu devido aos efeitos agudos de ketamina. Perry estava em terapia de infusão de ketamina para tratamento de transtornos. No momento da morte, no entanto, ele não fazia a terapia e a suspeita é que tenha administrado ele mesmo a substância.

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