13/07/2023 às 17h57min - Atualizada em 13/07/2023 às 17h57min

Atores de Hollywood entram em greve após fracasso em negociações com estúdios

Grande parte dos 160 mil membros do sindicato se junta aos roteiristas, paralisados desde maio, na maior greve em Hollywood desde 1960

G1
A presidente do Sindicato dos Atores, Fran Drescher (de branco), e o líder da negociação, Duncan Crabtree-Ireland (de boné e óculos), e outros membros da organização anunciam greve da categoria — Foto: Mike Blake/Reuters
O sindicato que representa os atores de Hollywood (SAG-AFTRA, na sigla em inglês) anunciou que a categoria entra em greve a partir da meia-noite desta quinta-feira (no horário de Los Angeles, ou 4h da manhã, em Brasília). Com isso, grande parte dos seus 160 mil membros se junta aos roteiristas, paralisados desde maio, na maior greve do entretenimento americano desde 1960.

Em coletiva de imprensa, a presidente do SAG, Fran Drescher, e o líder das negociações, Duncan Crabtree-Ireland, falaram sobre a decisão. Segundo eles, alguns membros, como atores de comerciais ou de audiolivros, ainda podem manter suas atividades.

"Quando empregadores fazem de Wall Street e da ganância suas prioridades e esquecem dos contribuidores essenciais que fazem a máquina funcionar, nós temos um problema, e estamos vivendo isso neste momento", afirmou Drescher.

"Este é um momento muito seminal para nós. Comecei pensando seriamente que poderíamos evitar uma greve. A gravidade dessa mudança não passou despercebida por mim ou por nosso comitê de negociação, ou por nossos membros do conselho, que votaram unanimemente para prosseguir com uma greve. É uma coisa muito séria que afeta milhares, senão milhões de pessoas em todo o país e ao redor do mundo."

A organização já tinha anunciado o fracasso nas negociações com representantes dos estúdios ao longo da madrugada, após o fim do contrato vigente na meia-noite da quarta-feira (12) no horário de Los Angeles — um prazo que já tinha sido estendido em 12 dias no começo de julho.

Com 160 mil membros, o Sindicato dos Atores disse em comunicado na noite de terça-feira (11) que não confiava que os empresários teriam intenção de negociar um acordo. Em junho, a organização já tinha votado e aprovado a realização de uma greve em caso de fracasso nas negociações.

As negociações se concentraram em melhores salários e outros benefícios, além de definir o uso da inteligência artificial na produção de filmes e programas de televisão, para garantir que suas imagens digitais não sejam recriadas sem autorização.

Uma greve dupla, algo que não se vê em Hollywood há mais de 60 anos, deve paralisar quase toda a produção cinematográfica e televisiva nos Estados Unidos.

Impactos da greve

Em um momento em que a indústria tenta ainda se recuperar dos anos difíceis da pandemia, a paralisação deve impedir que as estrelas promovam alguns dos lançamentos de verão altamente aguardados e participem de festivais importantes dos próximos meses, como o de Veneza e o de Toronto.

A realização do Emmy 2023, que seria realizada em 18 de setembro, também fica ameaçada. Antes do anúncio do SAG, a mídia americana já falava que a premiação deve ser adiada para novembro de 2023 ou janeiro de 2024.

Os membros do sindicato também não podem participar de painéis em eventos de cultura. Com isso, a Comic-Con de San Diego, que começa no próximo dia 20, também não deve contar com a presença de grandes astros.

Na première de Londres de "Oppenheimer", novo filme de Christopher Nolan, os atores estiveram no tapete vermelho mas depois deixaram o evento em solidariedade à decisão do sindicato, que ainda nem tinha sido anunciada.

A última grande greve em Hollywood, quando roteiristas paralisaram as atividades entre o final de 2007 e o começo de 2008, teve um impacto de cerca de US$ 2 bilhões na economia da Califórnia, segundo analistas.

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