MC Pipokinha: massacre estético e agressividade nas danças REPRODUÇÃO/INSTAGRAM
A música funk ainda vai se tornar uma questão de saúde pública. Não é preciso apelar ao moralismo para entender que a hipersexualizacão de nossos jovens, principalmente as meninas, está se tornando uma epidemia sem controle. E sem retorno, lamento informar.
A mais nova milionária do momento, enriquecida com vídeos no TikTok e shows de pancadão nas periferias, é uma garota de 24 anos que atende pelo nome de MC Pipokinha. Essa moça levou as coreografias e letras que caracterizam o funk ao mais baixo patamar de vulgaridade já visto. E isso não é exagero retórico: as redes sociais foram inundadas no último fim de semana com relatos de que a própria Pipokinha teria, digamos, se engajado em uma demonstração bastante explícita e real de suas letras com uma fã que subiu ao palco durante um show.
Na real, o trabalho dela esbarra na mais pura pornografia. Anitta, perto dela, é uma freira constrangida. Nem cabe dar exemplos do conteúdo de suas músicas, seria desrespeitoso e extremamente grosseiro, mas tenham certeza, os que ainda não a viram, que se trata de sexualização explícita ao som de expressões ginecológicas e passos de dança que simulam animais em acasalamento. Como vimos, se o espectador tiver sorte suficiente, a simulação pode passar para o próximo nível.
Pipokinha não é nada boba. Alguém de alma desgarrada há de considerá-la um exemplo de empreendedorismo, pois a garota estende seus negócios às plataformas do tipo OnlyFans, onde, segundo ela mesma, em poucas semanas, ganhou R$ 500 mil exibindo seu corpo em troca de dinheiro. Tem nome isso aí, mas é outro papo.
O que deveria preocupar as autoridades sanitárias é o que determinados lacradores chamam de empoderamento feminino. Tolice. O que o funk tem disseminado, agora por meio de cantoras, é a mais perversa e suicida objetificação do corpo feminino. É suco de machismo, misoginia e banalizacão do sexo violento, em que prevalece sobretudo uma oferenda anal no altar dos palcos das mais pobres comunidades e CPX do país.
Além do massacre estético, da agressividade das danças, dos refrãos obscenos, o que se sobressai é um discurso ideológico em que as mulheres cometem, em nome da liberdade sexual, da afirmação feminina, a reproduzaçao do que há de mais perigoso naquilo que há pouco tempo estava na boca de funkeiros misóginos e, ao final, apologistas do feminicídio que devasta nossa sociedade.