A advogada de Tarinni Torres Cavalcanti, conhecida como Tata Torres, pediu a juíza Gisele Guida de Faria, em exercício na 17ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio, a devolução de pertences pessoais da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI). Ela foi presa em flagrante, por agentes da especializada, pelos crimes de falsidade ideológica e falsa identidade, em 27 de janeiro, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, e teve cartões bancários, laptop, relógio e celular apreendidos. A jovem responde ainda por mais de 30 casos de estelionato e outras fraudes, sobretudo contra o mercado imobiliário.
“A ré encontra-se sem seus pertences, sem cartão de crédito para acesso a sua conta bancária, além do mencionado, o aparelho celular da ré que se encontra apreendido é de suma importância para que a mesma tenha acesso a sua conta e com isso acesso a provas que esta necessita para se defender em outros processos que estão correndo”, escreveu Raquel Silva Monteiro, em petição à magistrada.
De acordo com o delegado Pablo Sartori, titular da DRCI, Tata Torres foi abordada em um "self storage”, na Avenida Ayrton Senna, e foi presa no momento em que se identificou como Amanda por meio de uma identidade exibido no seu celular. Ela tinha ainda uma identidade em nome de Paula, nome que também aparecia em um contrato de locação e ainda a cópia da carteirinha de vacinação contra Covid-19.
O inquérito aponta que ela mantinha uma clínica de estética e um apartamento na Barra da Tijuca sem pagar nada de aluguel, dando um grande prejuízo aos seus proprietários. Embora ostentasse uma vida de luxo nas redes sociais, ela não tinha despesas porque tudo que possuía ou utilizava estava em nome de terceiros.
Na ocasião, a juíza Ariadne Villela Lopes, da 17ª Vara Criminal, não converteu a prisão em preventiva, durante audiência de custódia, por considerar que a conduta criminosa imputada à moça não se caracterizava por violência ou grave ameaça e determinou apenas o comparecimento mensal ao juízo para informar e justificar suas atividades.
Ao ser solta, Tata Torres apagou as fotos de seu perfil no Instagram e postou uma passagem bíblica. "Nesta vida sem sentido, eu já vi de tudo: um justo que morreu apesar da sua justiça, e um ímpio que teve vida longa apesar de sua impiedade. Não seja excessivamente justo, nem demasiadamente sábio; por que destruir-se a si mesmo? É bom reter uma coisa e não abrir mão da outra, pois quem teme a Deus evitará ambos aos extremos. A sabedoria torna o sábio mais poderoso que uma cidade por dez valentes. Todavia, não há um só justo na terra, ninguém que pratique o bem que nunca peque. Não dê atenção a todas as pessoas que o povo diz, caso contrário, poderá ouvir seu próprio servo falando mal de você", escreveu.
Há duas semanas, o juiz Marco Jose Mattos Couto, da 1ª Vara Criminal do Fórum de Jacarepaguá, intimou Tata Torres a cumprir condições para permanecer respondendo em liberdade em outro processo em que é ré por tentativa de furto de uma cabeceira, um criado-mudo, um espelho e duas madeiras de raque. A moça terá que comparecer mensalmente em juízo, até o dia 10 de cada mês, e está proibida de ausentar-se da cidade do Rio sem prévia autorização judicial sob pena de decretação de nova prisão preventiva.
De acordo com a denúncia do Ministério Público, na tarde de 30 de setembro de 2021, Tata Torres contratou um caminhão de mudança para desocupar um apartamento que alugara, na Barra, e retirava os móveis do proprietário. Na ocasião, ele apresentou um laudo de vistoria do imóvel que mostra alguns dos bens da unidade por ele administrada e que estavam no caminhão. Aos policiais militares acionados, os funcionários da transportadora confirmaram que a mudança foi solicitada pela moça.