Eleições transparentes, sem manobras jurídicas de última hora, dentro do prazo legal e com os critérios estabelecidos pelo estatuto. É com essas pautas que os vice-presidentes regionais da Federação Amazonense de Futebol (FAF) estão mobilizados esta semana em Manaus.
No total, nove vice-presidentes regionais da entidade, que representam municípios das calhas dos rios da região e fazem parte da atual diretoria foram à sede da FAF na última segunda-feira (07/02) para pedir informações e explicações sobre o processo que vai apontar o substituto de Dissica Valério Tomaz no comando da federação no próximo quadriênio (2023/2026).
“A minha tese e dos meus colegas vice-presidentes é que a gente tem que procurar fazer as coisas no diálogo, no entendimento para não haver nenhum problema, mas também se quiserem embate, a gente está pronto para o embate. E parece, pela reunião de ontem (07/02) que a coisa está sendo dirigida mais para o embate”, opinou Carlos Cunha, de Tefé, e vice-presidente da FAF no Médio Solimões.
A preocupação desse grupo de dirigentes é quanto às novas exigências de documentações para as ligas que têm direito a voto no pleito deste ano. A votação ainda não tem data para acontecer. Pela regra, dia 28 aconteceria a assembleia para prestação de contas da FAF referente ao exercício de 2021. Já a votação para escolha da nova diretoria seria, em tese, no dia 1 de março.
“O que os vice-presidentes da FAF e os presidentes de ligas do interior querem é que seja definido isso daí (o dia da eleição). O que a gente percebe é que estão querendo fazer manobras, jogo sujo por trás. O temor é que algum presidente que mora muito distante seja pego de surpresa (com a marcação da eleição) e nem possa chegar aqui”, explicou Cunha.
Alto Solimões – O desportista Rainey Pinto de Araújo, de Benjamin Constant, é vice-presidente da FAF na Região do Alto Solimões. Ele foi eleito na chapa de Dissica em 2018. Revelou que no processo eleitoral anterior, em 2018, não foi exigido como está acontecendo agora a regularização das entidades de representação do futebol no interior.
“Na grande realidade, não só nesse pleito que aconteceu em 2018 como nos outros que antecederam, nunca houve uma preocupação da federação em pedir todas as documentações das ligas. E agora, nesse pleito de 2022, está sendo exigido CNPJ, estatuto e outras documentações. Por que só agora?”, questionou o dirigente.
Baixo Amazonas – Quem também está na capital é Aderson Bezerra, de Parintins, vice-presidente da FAF na Região do Baixo Amazonas. O dirigente criticou a falta de transparência em relação às contas da federação e também discorda sobre o suporte dado às ligas dos municípios durante a Copa dos Rios, a mais tradicional competição do futebol do interior do Amazonas.
“Agora nós abrimos o olho, estamos tentando mudar isso daí. Sobre a exigência das novas documentações, é um verdadeiro tsunami. As ligas do interior não têm renda nenhuma, toda liga do interior depende muito das prefeituras, principalmente agora que nem campeonato está tendo por causa da pandemia”, afirmou Aderson.
Calha do Madeira – O desportista Edson Prestes Ferreira é presidente da Liga de Humaitá e também vice-presidente da FAF representando os municípios da Calha do Rio Madeira. Ele observa que a indefinição em relação a quem comanda atualmente a federação é outro entrave no processo eleitoral. O vice-presidente Pedro Augusto Oliveira é quem está determinando as regras do jogo, na condição de substituto do presidente Dissica, que estaria de afastado para tratamento médico.
“Não houve uma transição que o nosso estatuto determina. Até agora o presidente Dissica e a sua diretoria não apresentou nenhum tipo de documento chancelado ou oficializado que ele está afastado do cargo de presidente da federação. Todos os vice-presidentes regionais deveriam ser informados da verdadeira situação da federação, que é uma situação de instabilidade. Não estamos numa batalha contra o Dr. Pedro Augusto, mas lutando por uma federação mais organizada”, concluiu Prestes.
Estão em Manaus representantes de 12 municípios: Anamã, Canutama, Tefé, Barcelos, Benjamin Constant, Itacoatiara, Coari, Humaitá, Anori, Parintins, Silves e Rio Preto da Eva.