O morador de Planaltina preso na sexta-feira (12/2) por armazenar e compartilhar pornografia infantojuvenil reside em uma casa em que tentava reproduzir o ambiente dos filmes da famosa franquia Jogos Mortais. Por fora, o imóvel parecia normal. Por dentro, era repleto de sujeira e imitações de armadilhas.
Segundo o delegado Giancarlos Zuliani, chefe da Delegacia Especial de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC), a residência é assustadora. “Tudo indica que ele tentava seguir os rituais do filme Jogos Mortais. A casa parecia um filme de horror”, afirma.
Vídeos e fotos do local dão ideia do que o homem de 29 anos foi capaz de fazer. Havia muito lixo e sujeira espalhados propositalmente pelos diversos cômodos do imóvel, lembrando as armadilhas dos nove filmes da franquia que forçavam as pessoas a sobreviverem para escapar.
“Por fora, a casa parecia normal, mas, por dentro, é um show tenebroso”, completa o delegado.
Um dos cômodos mais sujos é o banheiro, que não parece ser utilizado para o seu propósito. Com um computador colocado no chão, o teclado apoiado em cima do vaso sanitário e uma cadeira embaixo do chuveiro, o local ainda conta com uma inscrição na parede. Enquanto que no primeiro filme dos Jogos Mortais há a inscrição de um “X” no cômodo, na casa em Planaltina está escrito “HUGON”.
O quarto também parece simular outra armadilha. Os policiais encontraram ali uma cadeira pendurada de cabeça para baixo e cheia de fios em cima do colchão, próximo a um sofá completamente destruído. No quarto filme da série, um quarto também é utilizado como armadilha para um homem que estuprava e filmava as mulheres vítimas dele.
Operação Coleciona-Dores
Detalhes sobre a residência do suspeito foram descobertos durante a quinta etapa da Operação Coleciona-Dores. Após autorização judicial, os agentes da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) cumpriram mandado de busca e apreensão no endereço do acusado. Na casa, os policiais encontraram materiais relacionados à pornografia infantil armazenados em um HD externo.
Preso em flagrante, o suspeito tem 29 anos, morava com a mãe e está desempregado. Segundo o delegado Dário Freitas, da DRCC, o homem vai responder pela Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente.
“O crime [pelo qual o investigado responderá] tem pena de 1 a 4 anos de reclusão. Foi arbitrada fiança, a qual não foi recolhida, e o indivíduo será, então, encaminhado e ficará à disposição da Justiça”, informou Dário Freitas.
Segundo o delegado, o acusado confessou que armazenava e compartilhava pornografia infantil. “E chamou a atenção dos investigadores o desalinho habitual que constava na casa. [Havia] Condições sanitárias precárias e muita sujeira na residência, sendo até difícil imaginar que o indivíduo vivia naquele lugar”, destacou.
A operação, que contou com apoio do Instituto de Criminalística da PCDF, é consequência de uma série de outras apurações de crimes de pedofilia e pornografia envolvendo crianças e adolescentes no Distrito Federal.